A Venezuela cumpriu seus compromissos financeiros com o consórcio Covax e vai receber doses da vacina contra a covid-19 à medida que estiverem disponíveis. A informação foi dada na quinta-feira pelo porta-voz da Gavi, aliança global por vacinas que faz parte do Covax, liderado pela OMS.
O presidente Nicolás Maduro disse no domingo que estava dando ao Covax um “ultimato” para enviar as doses ou devolver o dinheiro que a Venezuela havia pago. O país está imerso em uma crise econômica há anos e enfrentava entraves para a liberação dos imunizantes.
Funcionários do governo venezuelano disseram em junho que foram feitos vários pagamentos para cobrir os US$ 120 milhões (R$ 628,8 milhões) devidos, mas que as quatro últimas parcelas haviam sido bloqueadas pelo banco suíço UBS, devido às sanções dos Estados Unidos, que visam forçar a saída de Maduro do cargo.
O porta-voz do Gavi, ao ser consultado se os fundos já haviam sido liberados e o problema resolvido, respondeu por e-mail. “A Venezuela aderiu recentemente ao Covax e pagou seus compromissos financeiros. Esperamos enviar as doses à Venezuela, pois temos disponibilidade de doses das vacinas que o país escolheu — e irá escolher — sob o modelo de compra opcional", disse.
O Covax, criado para impedir que os países mais pobres ficassem sem vacina, enviou apenas 95 milhões de doses a 134 países desde fevereiro, quando os EUA sozinhos já aplicaram mais de 330 milhões de doses.
O consórcio tem sido afetado por problemas de fornecimento, principalmente devido à suspensão das exportações de imunizantes da Índia, que passou a dar prioridade à vacinação interna com o aumento de casos e mortes pela covid-19, em abril. O consórcio afirmou nesta semana que está negociando com novos fornecedores.
No caso da Venezuela, que não atualiza suas estatísticas de renda per capita desde 2014, o país, como o Brasil, é considerado de renda média-alta e paga pelas vacinas do Covax, sem direito a doações. O PIB venezuelano, porém, foi reduzido em dois terços no período.
Até o momento, a Venezuela recebeu 3,5 milhões de doses de vacinas da Rússia e da China, além de estar realizando testes com a vacina Abdala, de Cuba. O país já vacinou 8% da população com ao menos uma dose e apenas 0,8% com as duas doses.
Em 2019, Washington sancionou a estatal do petróleo PDVSA, o Banco Central do país e outras instituições governamentais, embora em tese as compras humanitárias estejam isentas de sanções. No entanto, as medidas americanas deixaram muitos bancos receosos de processar até mesmo transações legais ligadas à Venezuela.
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