Em meio a críticas pela lentidão em sua campanha de imunização contra a covid-19, a União Europeia indicou nesta quarta-feira, 17, que pode interromper os embarques de vacinas para o Reino Unido. O aviso foi da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que pediu os britânicos também enviem imunizantes para o bloco.
“Queremos ver reciprocidade e proporcionalidade nas exportações e estamos prontos para usar qualquer ferramenta que precisarmos para isso”, disse. “Trata-se de garantir que a Europa receba sua parte”.
Ursula afirmou que a União Europeia recebeu mais de 300 pedidos de exportações nas últimas seis semanas e recusou apenas um. Também ressaltou que o bloco enviou ao exterior 41 milhões de doses para 33 países. "Isso mostra que a Europa está tentando fazer a cooperação internacional funcionar".
“Mas as estradas abertas correm em ambas as direções. É difícil explicar aos nossos cidadãos por que as vacinas produzidas na UE estão indo para outros países que também estão produzindo vacinas, mas quase nada está voltando”, criticou Ursula, lembrando que o bloco exportou 10 milhões de doses para o Reino Unido nas últimas seis semanas, tornando-o "o país número um no que diz respeito às exportações da UE".
"Ainda estamos esperando que as doses cheguem do Reino Unido. Portanto, este é um convite à reciprocidade."
A União Europeia tem influência no envio de vacinas para o mundo porque a Bélgica, onde fica a sede do governo do bloco, também abriga algumas das fábricas de vacinas mais importantes do mundo, incluindo as que produzem as vacinas Pfizer-BioNTech e AstraZeneca-Oxford. Itália, Alemanha e Espanha também possuem instalações para vários fabricantes de vacinas.
Reação britânica
O ministro das Relações Exteriores britânico, Dominic Raab, se disse surpreso com a ameaça de proibições e corte de exportações garantidas. "Acredito que isso precisa de uma explicação porque o mundo todo está assistindo. Isso corta as garantias diretas que tivemos da Comissão Europeia", disse Raab à agência de notícias Reuters. "Esperamos essas garantias e que o fornecimento legal contratado seja respeitado. Francamente, estou surpreso."
Dificuldades logísticas fizeram a campanha de vacinação ser muito lenta em todos os países da União Europeia, o que enfureceu muitos europeus e envergonhou seus líderes. Desde que a AstraZeneca reduziu o número de doses que esperava entregar no início de 2021, os líderes do bloco atacaram a empresa e tentaram aplacar a raiva entre seus cidadãos.
A batalha com a AstraZeneca estourou em janeiro. A empresa disse que tentaria fornecer 80 milhões de doses para o bloco no primeiro trimestre deste ano, mas após falhas de produção, reduziu esse número para cerca de metade.
A empresa, que desenvolveu sua vacina com a Universidade de Oxford, acabou concordando em enviar algumas doses adicionais, mas não o suficiente para apaziguar os líderes europeus que estão sob enorme pressão para acelerar a vacinação.
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