Venezuela começou sua campanha de vacinação contra a covid-19 nesta quinta-feira, 18, sob acusação de favorecer políticos chavistas, que recentemente retomaram o controle do Parlamento após eleições consideradas fraudulentas pela oposição e rejeitadas por dezenas de países.
O país tem, até o momento, 100 mil doses da vacina russa Sputnik V. O presidente Nicolás Maduro disse na quarta-feira, 17, que a imunização seria iniciada por “todo o pessoal de saúde” e “dos grupos prioritários”.
Em seu anúncio, o presidente afirmou que serão vacinados também deputados, agentes de segurança e outros funcionários do governo, dominado por chavistas – incluindo ele, de 64 anos, e sua esposa, Cilia Flores, de 58 anos.
O plano de vacinação inclui "autoridades que pelo trabalho de rua justifiquem (...) sua proteção especial para que o Estado continue sua marcha” justificou Maduro, lembrando a morte de vários prefeitos e funcionários do chavismo por covid-19.
O líder da oposição, Juan Guaidó, reagiu no Twitter. “Os critérios para a aplicação da vacina devem priorizar o setor de saúde e os idosos, não aqueles que sequestram o poder, como o ditador pretende fazer”, escreveu ao compartilhar o tuíte de um jornalista venezuelano sobre o caso. “A propósito, o custo da vacina russa para o mercado externo é inferior a US$ 10. Se a ditadura diz que investiu US$ 200 milhões para trazer 10 milhões de doses do Sputnik V, estamos falando que cada vacina custou US$ 20”, completou.
Por esto es fundamental que Venezuela reciba vacunas a través del sistema COVAX con la asistencia de OPS y UNICEF.
— Juan Guaidó (@jguaido) February 18, 2021
El criterio para la aplicación de la vacuna debe priorizar al sector salud y adultos mayores, no a los que secuestran al poder como pretende hacer el dictador. https://t.co/M0e9kxbQYd
O estoque de vacinas recebido até o momento representa 1% do total acertado em novembro entre Rússia e Venezuela. A vacinação em massa será iniciada em abril.
Além das 10 milhões de doses adquiridas da Rússia, a Venezuela reservou entre 1,4 e 2,4 milhões de vacinas AstraZeneca por meio do sistema Covax, liderado pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
No entanto, essas doses não conseguiram chegar à Venezuela, já que o país não pagou sua dívida com a OPAS, braço da OMS na região, disse na sexta-feira Alena Douhan, relatora especial da ONU. O primeiro prazo de pagamento expirou na terça-feira.
Com 30 milhões de habitantes, a Venezuela, que participou dos ensaios clínicos da Sputnik V, soma 133.927 casos confirmados e 1.292 mortes por covid-19, segundo dados oficiais, questionados por organizações como a Human Rights Watch.
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