O Senado argentino reprovou nesta quinta-feira, 9, por 38 votos a 31 o projeto de lei que previa a legalização do aborto e a permissão para interrupção da gravidez até a 14.ª semana de gestação. A votação, cuja discussão começou na manhã de quarta-feira e durou mais de 15 horas, contou com duas abstenções. Mais cedo, parlamentares opositores à medida anunciaram que já tinham os 37 votos suficientes para vetá-la.
A proposta havia sido aprovada em junho na Câmara dos Deputados depois de meses de discussões que dividiram o país. Após o veto do Senado, os partidários da legalização do aborto terão de esperar ao menos um ano para apresentar um novo projeto de lei.
- Foto: ReutersSenado argentino
A decisão foi recebida com alegria pelos manifestantes que se opunham à medida. "Esta votação nos permite reservar um tempo para refletir e fazer propostas superadoras e humanas para as mulheres vulneráveis. Não há vencedores ou vencidos", disse em tom conciliador Alberto Bochatey, arcebispo de La Plata e encarregado pela Conferência Episcopal para o diálogo com o Congresso sobre o tema.
Já a Anistia Internacional afirmou que a decisão "representa a perda de uma oportunidade histórica para o exercício dos direitos humanos das mulheres, meninas e pessoas com capacidade de gestar".
Entre os defensores do aborto, a reação oscilou entre tristeza e raiva. Alguns lançaram pedras e atearam fogo em lixeiras, enquanto a polícia tentava dissipar as pessoas com jatos de água e bombas de gás lacrimongêneo. Sete foram presos nos incidentes, segundo a polícia.
Expectativa
Desde o início da votação, milhares de manifestantes se reuniram na praça em frente ao Congresso argentino para acompanhar a votação. Os lenços verdes, dos defensores da lei, eram maioria, mas o número de manifestantes crescia à noite no lado azul. Este setor era formado, em geral, por grupos religiosos, munidos de cruzes.
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