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Ouro Preto - Minas Gerais

Desmoronamento atinge casarões históricos em Ouro Preto

A Prefeitura de Ouro Preto informou que o local estava isolado e a população já havia sido evacuada.

Um desmoronamento de terra no Morro da Forca atingiu ao menos dois casarões no centro histórico de Ouro Preto, em Minas Gerais, na manhã desta quinta-feira, 13. Não há feridos ou vítimas, de acordo com informações oficiais. Segundo a prefeitura, o perímetro do entorno estava isolado e a população havia sido evacuada preventivamente do local, na Rua Diogo de Vasconcelos, nas proximidades da Praça Cesário Alvim e a menos de 500 metros da sede da prefeitura.

"Ainda há uma instabilidade do talude", apontou o Corpo de Bombeiros em nota. De acordo com o órgão, há a possibilidade de um novo desmoronamento, que poderia atingir um hotel e um restaurante.


Segundo o secretário municipal da Defesa Civil, Juscelino Gonçalves, o morro é composto de rocha filito e xisto. "A terra está muito encharcada, as rochas estão muito encharcada por baixo e isso potencializa o risco de mais deslizamento. Ainda há possibilidade de descida (de terra) neste local", explicou em vídeo veiculado em rede social

Os dois imóveis atingidos eram tombados, de acordo com informação da Defesa Civil repassada pelo Corpo de Bombeiros, e estavam desocupados, segundo a Prefeitura. O centro histórico de Ouro Preto foi o primeiro bem cultural brasileiro a ser reconhecido como patrimônio mundial pela Unesco, em 1980.

Em vídeo veiculado pelo Município, o prefeito Angelo Oswaldo (PV) afirmou que ambos os imóveis estavam interditados desde 2012 e que a Defesa Civil havia sinalizado que havia risco de deslizamento de parte do morro na quarta-feira, 12. O casarão de dois pavimentos pertencia ao município, enquanto o outro era particular. Ambas as construções foram destruídas.

Geólogos da Prefeitura e Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) foram chamados para avaliar a situação, os quais identificaram que o movimento de terra ocorre no sentido das casas atingidas e que, portanto, não haveria riscos para outros trechos do entorno do morro. “Esse material, segundo os geólogos, não pode ser retirado de um momento para o outro, sem todas as avaliações e todo um projeto de segurança, porque, se não, pode descer mais material ainda, ter mais deslizamento. E nós não queremos abalar o Morro da Forca.”

Pela manhã, a Defesa Civil alertou a possibilidade de "movimentação de massa de grande proporção". "Os bombeiros foram acionados por volta de 08h30min para fazer a vistoria do local. Nesse tempo, devido aos problemas estruturais encontrado, toda a área foi evacuada. Um pouco mais tarde, por volta de 9h10min, houve o colapso", destacou o Corpo de Bombeiros.

A situação também afetou o fornecimento de energia elétrica em parte da cidade, de acordo com a Prefeitura. Um morador morreu após a residência em que vivia ser atingida por um deslizamento no sábado, 8.

Outros desmoronamentos já haviam ocorrido no município desde o início do mês, como nos bairros Vila Aparecida e São Francisco. A rodovia que liga Ouro Preto a Mariana (a MG-129) chegou a ceder, impedindo o tráfego. Além disso, uma estrutura temporária foi instalada após uma queda de terra atingir as imediações do terminal rodoviário.

O Serviço Geológico do Brasil classifica o entorno dos casarios atingidos como de risco "alto" de deslizamento ao menos desde 2016. "Históricos de deslizamentos ao longo da encosta", diz a plataforma, que destaca a necessidade de: "monitoramento constante; alerta em período de chuva intensa/prolongada para remoção da população".

Em entrevista a uma rádio local, a Real FM, o prefeito citou ainda que outro deslizamento nos últimos dias ocorreu nas imediações da Igreja Nossa Senhora das Mercês e Perdões. “Ouro Preto é cheia de riscos. Tem uma carta geotécnica que mostra que nós temos riscos em todos os pontos da cidade, em toda a planta urbana, especialmente no bairro Taquaral, que é o foco da nossa maior preocupação. Estamos monitorando as outras áreas onde possa haver também algum acidente.”

Minas Gerais tem sido atingido por chuvas constantes desde as últimas semanas de 2021, que deixaram ao menos 25 mortos. Ao todo, 374 municípios (incluindo Ouro Preto) estão em situação de emergência, com 26.492 desalojados e 4.047 desabrigados, de acordo com a Defesa Civil do Estado

Um dos casarões destruídos em Ouro Preto tinha mais de 100 anos

Um dos dois imóveis destruídos após um deslizamento em Ouro Preto, o Solar Baeta Neves (o branco, de dois pavimentos) foi erguido no fim do século 19, há cerca de 110 anos. Ele teve o restauro entregue em 2010, pelo governo federal, porém foi desocupado s anos depois por estar em área de risco, segundo a Prefeitura, chegando a receber atividades do governo de Minas Gerais.

O restauro do solar custou cerca de R$ 373,5 mil, por meio do programa federal Monumenta, segundo comunicado veiculado pelo Iphan em 2010. O mesmo texto aponta que o imóvel foi erguido em um terreno comprado pela tradicional família Baeta Neves em 1890, de comerciantes.

“O casarão foi construído nos dois anos seguintes, às margens do Córrego do Funil, próximo à Estação Ferroviária, local que mais se desenvolvia na cidade, antes da transferência da capital para Belo Horizonte”, explicou o Iphan.

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