A defesa do empresário Bruno Manoel Gomes Arcanjo, assassino confesso do policial civil do DRACO, Marcelo Soares da Costa, morto durante a operação Turismo Criminoso, no município de Santa Luzia do Paruá, em 03 de setembro, ingressou com pedido de revogação de prisão preventiva, cumulado com liberdade provisória. O pedido foi protocolado na última terça-feira (17).
Segundo a defesa, a ação policial teve início antes da hora determinada no mandado e que um dos policiais que participou residiu durante muito tempo na residência alvo, tendo mudado endereço há pouco tempo, portanto, conhecedor da estrutura da casa, que possui grades de aço em todas as janelas e portas, não havendo como o empresário se evadir do local ou mesmo fugir sem que fosse pela porta da frente.
O advogado chega ao ponto de afirmar que o fato de haver nos autos fotos e vídeos que mostram os policiais tocando a campainha e arrombando o portão da frente, chamando pelo empresário, “não passa de uma encenação de teatro, orquestrada pela própria equipe policial, uma vez a mesma tinha total conhecimento do não funcionamento da campainha e da cerca elétrica. Bater no portão também não acordaria o casal uma vez que o quarto do casal era aos fundos da residência que dormia com o ar condicionado ligado”, diz trecho da petição.
Advogado chamou equipe policial de “midiática”
Também pontua que as fotos e vídeos da operação foram editadas dizendo textualmente que “a equipe policial piauiense que veio cumprir os mandados contra o indiciado, trata-se de equipe policial midiática, espetaculosa, que urge por reconhecimento de redes sociais, onde filmam todos os procedimentos policiais em que operam, editando os vídeos e publicando em suas redes sociais buscando sempre alavancar seus seguidores e glorificar seus atos heroicos”.
Outro ponto destacado no pedido é o fato dos policiais terem arrancado a câmera de segurança da frente da casa, retirado o cartão de mídia e ocultado do relatório policial tal fato, uma vez que as imagens seriam de suma importância para a averiguação dos fatos.
Por fim, o advogado afirma que a ação policial, da forma como aconteceu, causou uma situação onde o empresário imaginou estar diante de iminente agressão injusta contra si ou de sua família, resultando em ação que tirou a vida do policial, “por estar no local errado e na hora errada”. “É de suma importância salientar que o indiciado atirou a esmo de dentro de seu quarto, no calor da emoção por ver o desespero de sua companheira segurando seu filho, usou de dois disparos a esmo (sem intenção alguma de atingir policial, agente público ou quem quer que seja) medida amena para repelir o perigo que imaginava estar sofrendo”, diz o documento.
A petição diz que o empresário é uma pessoa de bem, que possui residência fixa, trabalha no agronegócio, e vive sua vida trabalhando duro para prover o sustento de sua família. Frisa que sua arma foi comprada dentro da legalidade, adquirida com o único fim de proteger sua vida e de sua família, e que não possui histórico de nenhum ato de criminalidade, nem de violência.
A defesa pede a concessão de liberdade provisória mediante a aplicação de medidas cautelares. O pedido está concluso para decisão do juízo da Vara Única de Santa Luzia do Paruá.
Relembre o caso
O policial do Departamento de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (DRACO), Marcelo Soares da Costa de 42 anos, morreu durante diligências da Operação Turismo Criminoso, deflagrada pelo Departamento de Combate à Corrupção no dia 3 de setembro, em Santa Luzia do Paruá (MA).
A polícia iria cumprir um mandado de prisão temporária em desfavor de Bruno Arcanjo, suspeito de atuar em um esquema de fraudes contra o Departamento Estadual de Trânsito do Piauí (DETRAN-PI). Ele recebeu os policiais civis a tiros e um desses disparos acabou atingindo Marcelo Soares, que chegou a ser socorrido pelos colegas de farda, mas não resistiu.
Bruno Arcanjo foi preso e indiciado pela Polícia Civil do Maranhão no último dia 12.
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