A BBC se tornou alvo de investigação da Polícia Antiterrorismo do Reino Unido, por ter pago para que o filho de um integrante do grupo terrorista Hamas participasse de um documentário sobre Gaza. Agora, as autoridades apuram se a conduta violou a lei que rege no país e que considera ilegal o financiamento de organizações terroristas.
Segundo reportado pelo jornal britânico The Telegraph, o comando da Polícia Metropolitana avalia se será necessária alguma ação policial. Até mesmo o primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, demonstrou preocupação sobre o assunto durante uma coletiva de imprensa.
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Abdullah, de 14 anos, é filho de uma figura sênior do Hamas, um vice-ministro da Agricultura da organização, e narra a produção "Gaza: Como Sobreviver a uma Zona de Guerra". “Tenho preocupações sobre o programa. O secretário de Estado se reuniu com a BBC recentemente para tratar do assunto”, afirmou o premiê em Washington.
Com o questionamento sobre se a corporação realmente repassou algum valor para o grupo terrorista, a emissora admitiu que a família de Abdullah recebeu pagamento. A BBC ainda alegou que a produtora independente Hoyo Films assegurou que o valor não foi destinado ao Hamas ou a seus filiados, e a acusou de mentir sobre a ligação do narrador com o grupo, detalhe esse confirmado apenas depois da exibição da produção.
A BBC declarou que “não tem planos de retransmitir o documentário na forma atual nem de disponibilizá-lo novamente no iPlayer”. A emissora tem enfrentado constantemente pedidos por uma investigação após o reconhecimento de falhas “graves e inaceitáveis” na produção.
Em comunicado, a corporação britânica admitiu esses erros. “A revisão identificou falhas sérias na produção. Algumas foram cometidas pela produtora e outras pela BBC; todas são inaceitáveis. Assumimos total responsabilidade e pedimos desculpas. Nada é mais importante do que a confiança do público em nosso jornalismo, e este incidente a prejudicou”, afirmou a emissora.
Críticas e pedido de investigação
O The Telegraph divulgou que alguns críticos acusam a BBC de “marcar sua própria lição de casa” e, por isso, exigem uma investigação externa contra a corporação. O ex-chefe de televisão da emissora, Danny Cohen, afirmou que o canal “tem um problema sistêmico de viés contra Israel, do qual este caso é apenas a ponta do iceberg”.
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