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Internacional

Sinovac tenta avançar mundialmente com certificação da OMS e parcerias

Nos últimos anos, a empresa vem tentando afastar a imagem negativa que alguns países ainda têm sobre a indústria farmacêutica chinesa.

A sede da Sinovac e a maior parte de suas fábricas ficam estrategicamente localizadas no Parque de Ciência e Tecnologia Zhongguancun, em Pequim, conhecido como o Vale do Silício chinês. A zona, voltada para inovação, reúne empresas multinacionais, startups, universidades e centros de pesquisa.

Nos últimos anos, a biotech chinesa, de olho no mercado internacional, ampliou investimentos em ciência e tecnologia e buscou parcerias e certificações que atestem a qualidade dos seus produtos e afastem a imagem negativa que alguns países ainda têm sobre a indústria farmacêutica chinesa.


“Aquela ideia da China chão de fábrica, com mão-de-obra barata, precarização e produto de baixa qualidade é totalmente equivocada. O país tem passado por um upgrade tecnológico significativo. Entre 2010 e 2017, o investimento em pesquisa e desenvolvimento cresceu 17% ao ano. Nos Estados Unidos, a média foi de 4,3%”, diz Isabela Nogueira, professora do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio (UFRJ) e coordenadora do Laboratório de Estudos em Economia Política da China (LabChina).

Ela explica que, com maior investimento em ciência e inovação e o desejo das empresas chinesas de exportarem produtos de maior valor para o mundo, as companhias do país têm se esforçado na busca por certificações que atestem boas práticas de produção.

No caso da Sinovac, a mais importante chancela veio da Organização Mundial da Saúde (OMS). Em 2017, a empresa conseguiu que sua vacina contra hepatite A obtivesse a pré-qualificação da OMS. “A pré-qualificação é como se fosse um registro de uma agência regulatória, só que dado por um grupo de experts da OMS. Eles fazem vistorias na fábrica e checam todos os processos. É uma forma de chancelar que aquele produto passou por todos os controles de qualidade”, explica Carla Domingues, epidemiologista e ex-coordenadora do Programa Nacional de Imunizações (PNI).

Ela diz ainda que só vacinas pré-qualificadas pela OMS podem ser compradas por agências da ONU para distribuição em países mais pobres ou que enfrentem dificuldades logísticas na aquisição de algum produto.

Na busca por parcerias internacionais e maior integração com o mercado global, a Sinovac já firmou acordos de cooperação com instituições como a farmacêutica britânica GlaxoSmithKline (GSK) e os Institutos Nacionais de Saúde (NIH), dos EUA.

Dos 910 funcionários que a companhia tinha em 2019, 154 eram dedicados à área de pesquisa e desenvolvimento. Desde sua fundação, a empresa já registrou 53 patentes.

A Sinovac também tornou-se membro da Rede de Fabricantes de Vacinas dos Países em Desenvolvimento (DCVMN, na sigla em inglês), entidade criada em 2000, com o apoio da OMS, para apoiar o aprimoramento dos processos de produção de empresas de nações emergentes.

“Fundamos a DCVMN em 2000 porque, na época, éramos poucos laboratórios em países emergentes produzindo vacinas. Só as grandes multinacionais produziam, então tínhamos limitação de ofertas, principalmente à população mais pobre”, explica Akira Homma, ex-presidente da DCVMN e assessor científico sênior de Bio-Manguinhos/Fiocruz, instituição associada à rede.

“Um dos objetivos é justamente apoiar os laboratórios associados a cumprirem os requisitos de qualidade para conseguirem a pré-qualificação”, explica ele. A aliança conta hoje com 41 empresas de países emergentes e 70 vacinas pré-qualificadas pela OMS.

A tentativa de se inserir no mercado internacional é essencial para que a Sinovac consiga expandir seus negócios, hoje centrados em seu país de origem. Embora já tenha exportado seus produtos para 18 países, a companhia sobrevive graças ao mercado doméstico. Em 2019, 92% das suas vendas foram feitas dentro da China.

Na América Latina, a Sinovac já obteve registro de produtos em ao menos dois países (Chile e no México) e teve o imunizante contra hepatite usado na Guatemala e em Honduras por meio de compra intermediada pela Organização Panamericana da Saúde (Opas).

Ao contrário do que vem sendo divulgado em alguns posts nas redes sociais, a companhia nunca teve vacina licenciada e usada no Brasil, segundo informaram ao Estadão a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e o Ministério da Saúde.

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