O presidente da Romênia, Klaus Iohannis , renunciou ao mandato nesta segunda-feira (10), a apenas três meses das eleições presidenciais, previstas para maio. No comunicado inesperado, ele afirmou que sua saída evitaria uma crise, visto que o parlamento estava prestes a iniciar um processo de impeachment.
Klaus Iohannis estendeu sua permanência no cargo interinamente, após a anulação da eleição presidencial em dezembro do ano passado. Ele teve respaldo do Tribunal Constitucional, que decidiu que o presidente em exercício deveria seguir no posto até que seu sucessor tomasse posse. Contudo, a permanência dele era questionada na ala política.
Em uma carta aberta, Iohannis afirmou que o impeachment seria inútil, uma vez que ele deixaria o cargo assim que o novo presidente fosse eleito. Ele destacou que tal ação teria consequências internas e externas.
“É uma atitude inútil porque, de qualquer forma, em poucos meses estarei deixando o cargo após a eleição do novo presidente. É uma abordagem infundada, porque eu nunca — repito, nunca — violei a Constituição. E é uma jogada perdedora, porque, a partir daqui, todos perdem, ninguém ganha”, declarou o presidente romeno.
Leia o pronunciamento na íntegra:
Hoje, no Parlamento romeno, foi iniciado o procedimento para suspender o Presidente.
É uma atitude inútil porque, de qualquer forma, em poucos meses estarei deixando o cargo após a eleição do novo presidente. É uma abordagem infundada, porque eu nunca - repito, nunca - violei a Constituição. E é uma jogada perdedora, porque a partir daqui todos perdem, ninguém ganha.
Em poucos dias, o Parlamento romeno votará pela minha suspensão e a Romênia entrará em crise. A Romênia entrará em crise porque o referendo para destituir o presidente está sendo lançado.
Todo esse esforço terá efeitos internos e, infelizmente, também terá efeitos externos.
Internamente, o referendo será eminentemente negativo. A sociedade estará dividida, alguns concordarão, outros discordarão. Toda a discussão será focada somente no negativo. A sociedade inteira ficará abalada. Não haverá mais discussão sobre as próximas eleições presidenciais. Não haverá discussão sobre como a Romênia irá progredir. Os candidatos nem conseguirão apresentar suas ideias nesse amálgama negativo.
Externamente, os efeitos serão duradouros e muito negativos. Absolutamente nenhum dos nossos parceiros entenderá por que a Romênia está demitindo seu Presidente depois de, na verdade, já ter iniciado o procedimento para eleger um novo Presidente. Absolutamente ninguém entenderá qual é o objetivo de tal abordagem quando o atual presidente vai embora de qualquer maneira. Em romeno, seremos efetivamente motivo de chacota no mundo.
Para poupar a Romênia e os cidadãos romenos desta crise, deste desenvolvimento desnecessário e negativo, renuncio ao cargo de Presidente da Romênia. Deixarei o cargo depois de amanhã, dia 12 de fevereiro.
Deus abençoe a Romênia!