A quarta etapa do Circuito Mundial de Surfe (WSL) de 2022 é verde e amarela. Com show nas águas da Austrália, o brasileiro Filipe Toledo, o Filipinho, enfim, conquistou sua primeira vitória na temporada ao desbancar o australiano Calllim Robson na decisão do Rip Curl Pro Bells Beach e disparar na liderança da temporada.
Com muito vento rasgando negativamente na formação das ondas na final, Filipinho precisou mostrar todo seu talento para somar sua 11ª vitória na carreira em 16 decisões. A primeira onda não foi muito boa e apenas nota 6,00. Ele optou por trocar de prancha e a segunda acabou se tornando a melhor da final, terminando com aéreo e 8,17 na conta. Foi logo abrindo 9,00 pontos sobre o jovem australiano.
Ainda pegaria mais uma onda interessante para frear a reação de Callim, que conseguiu um 7,77. Filipinho fez 6,57 e abriu vantagem interessante. No fim, apenas administrou o 14,74 diante de 12,94 para comemorar pela primeira vez no ano um dia após completar 27 anos.
"Eu levei nove anos para finalmente badalar esse sino e o Callum já chegou tão próximo no seu primeiro ano, então ele pode esperar um pouco mais né", brincou o brasileiro. "Infelizmente, a final não foi no Bowl, mas em Rincon e tinha muito vento, estava bem difícil. Mas foi divertido, porque deu para surfar umas ondas boas ainda. Quero agradecer a todo o meu time, porque sem eles eu não estaria aqui e parabenizar todos os surfistas que chegaram nesse dia final", disse.
O surfista ainda lembrou das dificuldades durante a pandemia de covid-19. "Quero parabenizar a WSL, porque tivemos momentos difíceis, campeonatos cancelados, num ano que o mundo parou, mas trabalharam duro para voltar o circuito no ano passado e agora aqui para Bells. É muito poder estar aqui nesse lugar especial, com muita história e eu não poderia estar mais feliz com esse presente", festejou.
Filipinho é o quarto brasileiro na história a tocar o sino na badalada disputa em Bells Beach. Silvana Lima, em 2009, Adriano de Souza, o Mineirinho, em 2013, e Italo Ferreira, em 2018, foram os outros brasileiros a ganharem na etapa, que teve atletas do País nas últimas quatro decisões.
Após nove anos de espera, Filipinho deixou o mar carregado, com bandeira do Brasil na mão direita e sem esconder a felicidade no semblante: "é campeão, é campeão", gritava, ao mesmo tempo em que agradecia aos céus. Ele bateu na trave na última edição em Bells Beach, ao cair na final para o havaiano John John Florence, a quem se vingou nesta edição.
"Todo mundo estava esperando essa bateria (com Florence). Eu me preparei mentalmente para vir com tudo para vencer. Eu estava muito confiante em surfar o meu melhor em cada onda. Na verdade, eu orei bastante antes da bateria (com o havaiano), pedindo a Deus para me mandar a primeira onda e minhas preces foram atendidas. Veio aquela onda incrível (9,63) e eu ganhei mais confiança para o restante da bateria", lembrou, no pódio.
O surfista paulista sai de Bells Beach com a liderança do Circuito Mundial e disparado na frente, com 5.780 pontos de vantagem sobre Kanoa Igarashi, o anterior líder. Filipinho subiu para 24.400 pontos, enquanto o japonês figura com 18.620, seguido pelo havaiano John John Florence, eliminado pelo brasileiro nas quartas de final, que tem 16.905.
O Brasil tem mais três representantes no Top 20 Mundial. O campeão olímpico Italo Ferreira está em sétimo após queda questionável nas quartas de Bells Beach, Miguel Pupo, em 10°, e Samuel Pupo em 18°. Cuidando do psicológico, Gabriel Medina ainda não fez sua estreia na temporada.
A primeira defesa da lycra amarela de líder do Circuito Mundial de Surfe será a partir do dia 24, novamente na Austrália. Filipinho defenderá a conquista de 2020 no Margaret Tiver Pro, onde o Brasil teve dobradinha no topo do pódio, com Tatiana Weston-Webb também brilhando.
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