Allef Jordelly nasceu e se criou na zona Sudeste de Teresina, mais especificamente na região do Dirceu. Hoje, aos 28 anos, o atleta piauiense do boxe deixou as águas calmas dos rios Parnaíba e Poty para atravessar o mar Atlântico e desembarcar em Portugal com o objetivo de alimentar o sonho de se tornar um pugilista profissional. Ele ganhou o cinturão do Golden Glovers Portugal, organizado pela Arena Matosinhos, a associação de boxe do Porto no dia 9 de outubro, pela BFT.
Mas, afinal, como Allef deixou o forte calor piauiense para pegar temperaturas de apenas 4 graus? A ideia de ir ao continente europeu já existia desde 2018, mas só se concretizou no dia 7 de fevereiro de 2022. Até chegar à Braga, Allef se revezou entre o boxe e outros trabalhos para complementar a renda. O GP1 Esporte conversou com o agora campeão sobre esse período, a decisão de se mudar e a busca por se profissionalizar no esporte.
“Minha decisão de vir pra Portugal rolou em março de 2018. Eu já queria sair do país desde novo, mas não sabia como nem onde. E Portugal surgiu porqe mora aqui uma amiga de minha tia. Claro que nunca nem vi ela, mas saber que tinha uma conhecida fez com que eu pudesse acreditar nessa empreitada. Aí mandei mensagem numas equipes daqui de Portugal e eles foram bem receptivos. Além do fato de não ter barreira linguística a migração não era complicada como Estados Unidos. Desde 2018 me planejo pra isso. Perdi voo em janeiro de 2020 e depois veio a pandemia”, contou Allef.
Do frio ‘medonho’ nos primeiros meses em Porto e nos trabalhos de servente de pedreiro, garçom e gari de fábrica. A mudança para Braga, 55 km mais à frente, surgiu quando a BFT abriu uma oportunidade, com a perspectiva de uma luta logo de cara, mas o adversário sequer apareceu para ir ao ringue.
“Fiquei em Porto os primeiros meses. Trabalhei como servente de pedreiro, garçom e gari de fábrica. Até aparecer uma oportunidade de fazer parte da equipe que estou atualmente. A BFT. Que fica em Braga. Foi quando me mudei, e veio a parte mais difícil quando aumentei o peso porque estava sem treinar com a mesma frequência que treinava no Brasil. Dia 17 de julho eu viajei de Braga para Porto para fazer minha estreia, mas o adversário não apareceu no evento”, comentou o atleta.
Agora dedicado totalmente ao boxe, sem nenhuma renda em outro emprego e na busca por se profissionalizar, Allef segue em busca de patrocínios para se manter nos ringues, sem cair nas cordas. O foco segue na profissionalização, no esporte que viu grandes talentos brasileiros. As linhas de soco seguem em guarda alta.
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