O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) esteve nesta quinta-feira (15) em Araucária, na região metropolitana de Curitiba, para uma cerimônia que marcou a reativação da fábrica de fertilizantes Araucária Nitrogenados S/A (Ansa), unidade da Petrobras que estava inoperante há quatro anos. Durante o evento, Lula também anunciou um investimento significativo na Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), localizada ao lado da Ansa.

A reativação da Ansa representa uma mudança significativa na estratégia da Petrobras, que havia adotado, nos últimos anos, uma política de redução de seu portfólio para focar na exploração e produção de petróleo e gás natural. Entre as desativações e vendas de ativos, a estatal chegou a firmar, em 2019, um acordo para vender oito de suas 12 refinarias, e em 2020 colocou a Ansa em "hibernação", estágio que precede um possível fechamento.

Os novos investimentos incluem R$ 870 milhões para a retomada da produção na fábrica de fertilizantes e R$ 3,2 bilhões para a expansão da Repar. A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, que assumiu o cargo há cerca de três meses, destacou o evento como "o início do cumprimento da missão que o presidente Lula me confiou".

Durante seu discurso, Lula defendeu uma atuação mais ampla da Petrobras, ressaltando sua importância para o desenvolvimento e inovação no Brasil, e criticou a gestão da estatal durante o governo de Jair Bolsonaro (PL). Segundo ele, o país esteve "à deriva" durante esse período, e vários projetos estratégicos foram paralisados.

Lula também mencionou sua prisão em Curitiba, emocionando-se ao relembrar os 580 dias que passou na sede da Polícia Federal e a vigília realizada por apoiadores. Ele expressou tristeza ao saber que funcionários da Petrobras foram hostilizados devido às investigações da Operação Lava Jato.

Fábrica de fertilizantes deve retomar atividades em 2025

A Ansa, que tem capacidade para produzir 720 mil toneladas de ureia por ano (cerca de 8% do mercado nacional), 475 mil toneladas de amônia e 450 mil m³ de Agente Redutor Líquido Automotivo (Arla 32), deve voltar a operar no segundo semestre de 2025. Em julho deste ano, 215 ex-funcionários, principalmente técnicos especializados, foram recontratados. O governo anunciou a publicação de editais para contratação de serviços de manutenção e compra de materiais, com a exigência de 85% de conteúdo local.

A retomada das operações da Ansa deve gerar cerca de 2 mil empregos, dos quais 700 serão mantidos de forma permanente. O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, destacou que a reativação ajudará a reduzir a dependência do Brasil de fertilizantes importados. A fábrica foi colocada em "hibernação" em 2020 devido aos prejuízos recorrentes, resultantes do alto custo da matéria-prima, o que inviabilizava sua operação.

Histórico de privatização e reestatização

A Ansa, fundada em 1982 durante o regime militar, foi privatizada em 1993 e reestatizada em 2013, durante o governo de Dilma Rousseff. Desde então, a unidade acumulou prejuízos, levando à decisão de encerramento de suas atividades em 2020, na gestão Bolsonaro.

Investimentos na Refinaria Repar

No mesmo evento, Lula anunciou R$ 3,2 bilhões em investimentos na Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar). A refinaria, que estava nos planos de desestatização da Petrobras, foi retirada do processo após o início do atual governo. Os recursos serão destinados à construção de uma nova unidade de hidrotratamento de médios (HDT), que aumentará a produção de diesel S10, e a projetos de eficiência energética.

A Repar é responsável por cerca de 15% da produção nacional de derivados de petróleo, abastecendo principalmente os estados do Paraná, Santa Catarina, sul de São Paulo e Mato Grosso do Sul.