Dentro do montante investido pelo Podemos na pré-campanha de Sérgio Moro, suspensa pelo ex-juiz ao migrar para o União Brasil, o partido calcula que pagou R$ 60 mil de recursos de sua fundação ao coordenador de campanha do ex-ministro, o advogado Luis Felipe Cunha. Ele foi um dos responsáveis por articular a troca de partido do ex-ministro para o União Brasil - mudança condicionada à sua desistência da corrida presidencial.
Amigo próximo do ex-juiz e sem experiência em coordenação eleitoral, Cunha chegou na pré-campanha em meados de dezembro, e promoveu uma fase de “separação de corpos” entre o ex-juiz e o Podemos, quando cercou Moro de pessoas de confiança externas à estrutura do partido. Ele trouxe à equipe paralela, por exemplo, o marqueteiro Pablo Nobel e manteve próximo o marqueteiro Paulo Vasconcelos, que trabalhou para Aécio Neves (PSDB) em 2014 e, depois, foi delatado por executivos da Odebrecht por supostamente receber doações via caixa 2 em 2014 e 2010.
A discordância dos recursos disponíveis para a campanha eleitoral foi um dos motivos que levaram Moro a escolher o União Brasil. A presidente do partido, Renata Abreu, chegou a oferecer até R$ 40 milhões dos recursos partidários para a campanha, mas segundo dizem integrantes da legenda ao Estadão, Cunha pediu R$ 70 milhões para a eleição.
Cunha também foi responsável por apresentar Moro a empresários como Paulo Marinho, que rompeu com o presidente Jair Bolsonaro. Nos diálogos, chegou a sugerir a criação de uma conta apartada do partido para sustentar a campanha, onde receberia doações mensais de R$ 25 mil de aproximadamente 40 empresários, absorvendo R$ 1 milhão por mês.
Especialista em contencioso, o advogado teve em sua clientela a Petrobras - que esteve no centro da Lava Jato -, o Sesc de Brasília e jogadores de futebol. Cunha segue ao lado de Moro na agenda de encontros do ex-juiz.
Segundo o partido, os valores foram pagos em duas vezes à empresa do advogado, Bella Ciao, e teriam o objetivo de colaborar com a elaboração do plano de governo quando o ex-juiz ainda apostava na corrida presidencial. Procurado, Cunha não respondeu por quais serviços cobrou o valor da legenda. Conforme mostrou o Estadão, o Podemos estima gastos acima de R$ 2 milhões com a pré-campanha do ex-juiz.
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