O PDT anunciou nesta terça-feira, 4, que vai apoiar o candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, no segundo turno. O ex-ministro Ciro Gomes (PDT), que ficou em quarto lugar no primeiro turno e pautou sua campanha por fortes críticas ao petista, seguiu a decisão da legenda e também declarou voto no ex-presidente.
A decisão do PDT foi tomada após uma reunião da Executiva Nacional, que foi realizada de forma semipresencial, com uma parcela do partido na sede nacional da sigla, em Brasília, e outra parte participando por videoconferência. Ciro foi um dos que não estiveram na capital federal.
Desde 2018, Ciro tem escalado nas críticas ao PT e a Lula, de quem já foi ministro da Integração Nacional. Em diversas entrevistas e eventos, o pedetista chamava o petista de “enganador de serpentes” e disse que viu Lula “se corrompendo”.
Ciro também concorreu à Presidência em 1998, 2002 e 2018. Na campanha de 2022, ele teve seu pior desempenho e perdeu até no Ceará, sua base eleitoral e onde sempre liderava os votos nas eleições presidenciais anteriores. A disputa deste ano também encerrou a hegemonia do grupo de Ciro no governo cearense e, pela primeira vez em 16 anos, o candidato apoiado por ele perdeu. Roberto Cláudio (PDT) ficou em terceiro lugar para governador, atrás de Capitão Wagner (União Brasil) e de Elmano de Freitas (PT), que comandará o Estado do Ceará a partir de 2023.
No entanto, logo na noite de domingo, 2, após o resultado do primeiro turno, Ciro disse que nunca viu um cenário político tão “complexo” e “ameaçador” e pediu tempo para se posicionar. “Quero dizer a vocês que estou profundamente preocupado com o que estou assistindo acontecer no Brasil. Eu nunca vi uma situação tão complexa, tão desafiadora, tão potencialmente ameaçadora sobre a nossa sorte como nação”, declarou.
Apesar do apoio, a participação de Ciro na campanha do petista ainda é dúvida. Em 2018, ele evitou declarar voto no petista Fernando Haddad (PT) contra Bolsonaro. Na véspera do segundo turno naquele ano, recomendou que o voto fosse “com a democracia, contra a intolerância e pelo pluralismo”.
O partido de Ciro também anunciou que vai apresentar propostas para incorporar ao plano de governo do candidato do PT. Uma delas é a do programa de renda mínima de R$ 1 mil por família. A ideia foi batizada pelo ex-governador do Ceará de “Renda Mínima Eduardo Suplicy” em homenagem ao vereador e deputado estadual eleito pelo PT de São Paulo, que é um dos principais defensores de que o governo garanta uma renda mínima.
Outra proposta que será levada a Lula é o programa que pretende zerar as dívidas do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC). O programa do petista já havia adotado uma ideia similar e a batizou de “Desenrola”. A terceira sugestão do PDT ao programa de governo do ex-presidente é estabelecer um projeto de educação em tempo integral. A tendência é que as ideias sejam incorporadas pelo ex-ministro Aloizio Mercadante, que coordena o plano de governo de Lula.
Ontem, 3, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, já havia demonstrado otimismo em ter o apoio de Ciro. “Já tivemos contato com Carlos Lupi (PDT), já chamamos para uma conversa. Senti muita disposição em conversar. Dissemos a ele que gostaríamos de ter Ciro Gomes na nossa campanha”, declarou.
Mesmo no primeiro turno da disputa, uma ala do PDT já defendia apoio ao ex-presidente. Nomes como o senador Weverton Rocha (PDT-MA) e o ex-prefeito de Niterói (RJ) Rodrigo Neves já faziam acenos ao petista.
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