O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu nesta quarta-feira (11) elevar a taxa básica de juros (Selic) em 1 ponto percentual, atingindo 12,25% ao ano. A decisão, que encerra o ano com uma alta mais agressiva, marca a última reunião sob a presidência de Roberto Campos Neto. A partir de janeiro de 2025, Gabriel Galípolo, indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, assumirá o comando do Banco Central, com uma composição majoritariamente alinhada ao atual governo.
O aumento, que surpreendeu parte do mercado financeiro, já era considerado necessário diante da piora das expectativas de inflação. Dados recentes apontaram para um crescimento de 0,9% do PIB no terceiro trimestre, acompanhado por uma aceleração da inflação acumulada em 12 meses, que chegou a 4,87% em novembro. A valorização do dólar, que ultrapassou R$ 6, e o impacto limitado das medidas fiscais propostas pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também pressionaram o Copom a adotar um ajuste mais contundente.
Desde setembro, o Copom iniciou um ciclo de altas na Selic, começando com um aumento moderado de 0,25 ponto percentual. Em novembro, a elevação foi de 0,5 ponto, e agora, com a terceira alta consecutiva, a taxa básica retorna ao patamar registrado em dezembro de 2022. Na ocasião, contudo, os juros seguiam trajetória de queda, enquanto agora enfrentam uma inversão de tendência devido à pressão inflacionária e ao cenário econômico mais desafiador.
O boletim Focus mais recente indica que os analistas projetam o IPCA acima do teto da meta para 2024 e 2025, com estimativas de 4,84% e 4,59%, respectivamente. A meta central de inflação perseguida pelo Banco Central é de 3%, com tolerância entre 1,5% e 4,5%. Com a inflação acumulada superando as previsões iniciais, o BC passou a focar suas ações no controle dos índices previstos para o segundo trimestre de 2026, considerando o impacto defasado da política monetária.
Se confirmada a projeção de estouro da meta inflacionária para 2024, Gabriel Galípolo, ao assumir a presidência do Banco Central, será obrigado a redigir uma carta pública ao ministro da Fazenda explicando os motivos. O documento será um desdobramento da política de metas contínuas, que exige justificativas formais em casos de descumprimento do objetivo estabelecido. A próxima reunião do Copom está marcada para os dias 28 e 29 de janeiro, já sob a nova direção.
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