O Ibovespa encerrou o dia em leve baixa de 0,11%, aos 98.924,82 pontos, com giro ainda fraco, a R$ 18,3 bilhões nesta sexta-feira, 22. No mês, a referência da B3 permanece positiva (+0,39%), com perdas no ano a 5,63%. O índice resistiu a princípio, mas acabou cedendo ao aprofundamento de perdas em Nova York no meio da tarde, e também à pressão do câmbio, com dólar retomando a marca de R$ 5,50 nas máximas do dia. Ainda assim, o índice de ações acumulou ganho de 2,46% na semana, vindo de perda de 3,73% na anterior.
Até o começo da tarde, o Ibovespa parecia a caminho do sexto ganho seguido, mas acabou interrompendo a série no quinto avanço, ainda assim uma sequência que não era vista desde meados de maio. A sexta-feira contou com poucos ‘drivers’ domésticos para orientar os negócios. “O noticiário local continua morno e com pouco impacto nos preços”, observa em nota a Terra Investimentos.
“Hoje foi dia de realização (de lucro) sem uma grande história, tanto aqui como lá fora. Temos estado colados, com dinâmica parecida no que se refere às bolsas. Apesar de todo ruído que temos no mercado local com relação às preocupações com o fiscal, (refletidas na) curva de juros e câmbio, a Bolsa tem seguido o comportamento de fora, e hoje não foi diferente”, diz Naio Ino, gestor de renda variável da Western Asset.
Ele destaca também alguma recuperação, na semana, de ações ligadas ao comércio eletrônico, como também em geral as de “growth” (crescimento), entre as quais techs, ainda muito amassadas no ano. “Hoje sofreram um pouco. E as commodities na contramão, respirando na sessão, ajudaram o Ibovespa a não cair tanto quanto lá fora”, acrescenta o gestor. O índice de consumo acumulou ganho de 1,36% na semana, mas hoje cedeu 0,49% (no mês, sobe 6,26%), enquanto o de materiais básicos avançou nesta sexta-feira 0,67%, em alta de 2,82% na semana, mas ainda recuando 4,59% no mês.
A sessão foi favorável às ações de commodities, tanto para Petrobras (ON +1,08%, PN +1,07%) - no dia seguinte à divulgação de dados de produção da estatal - como para Vale (ON +0,93%). As cotações do petróleo recuaram nesta sexta-feira, enquanto o minério teve recuperação, em alta de 3,57%, a US$ 100,64 por tonelada, em Dalian (China), aponta em nota a Nova Futura Investimentos.
As siderúrgicas fecharam na maioria em baixa (Usiminas PNA -1,55%, CSN ON -0,35%), assim como os grandes bancos (Santander -2,72%, Bradesco PN -1,27%, Itaú PN -1,06%). Na ponta negativa do Ibovespa, IRB (-8,26%), Americanas ON (-5,91%) e Magazine Luiza (-4,98%). No lado oposto, BRF (+4,62%), Suzano (+2,78%) e Sabesp (+2,76%).
Dólar
Uma piora de humor nos mercados internacionais ao longo da tarde, com ampliação das perdas das bolsas em Nova York e alta da moeda americana frente ao euro e a boa parte das divisas emergentes, fez com que o dólar abandonasse o sinal negativo no mercado doméstico de câmbio e encerrasse o dia em ligeira alta, tendo tocado o patamar de R$ 5,50 nas máximas da sessão.
À medida que o caldo entornava lá fora, o real perdia fôlego. Até que o dólar trocou de sinal e passou a operar em leve alta, correndo até máxima a R$ 5,5045. No fim do dia, a moeda era cotada a R$ 5,4988 (+0,05%). Assim, o dólar fecha a semana com avanço de 0,72%, levando a valorização em julho a 5,04%.
Para o diretor de produtos de câmbio da Venice Investimentos, André Rolha, o dólar não se sustenta acima da linha de R$ 5,50 e pode se acomodar em um nível “um pouco mais baixo” nas próximas semanas. “Mas devemos ter muita volatilidade, porque ainda há muita incerteza sobre o desempenho da economia global, com esse processo de alta de juros nos Estados Unidos e agora também na Europa”, afirma Rolha.
Termômetro do comportamento do dólar frente a uma cesta de seis divisas fortes, o índice DXY chegou a descer até a casa dos 106,100 pontos sob impacto do tombo do PMI dos EUA, mas se recuperou e, no fim do dia, rodava no patamar dos 106,700 pontos, em queda de cerca de 0,30%. Isso se devia basicamente as perdas de mais de 0,80% da moeda americana frente ao iene japonês. O euro até esboçou uma leve alta ante o dólar, mas acabou sucumbindo à tarde e amargava queda ao redor de 0,20%. O PMI composto da zona do euro caiu de 52 em junho para 49,4 em julho, menor nível em 17 meses.
“Essa piora do dólar à tarde é pura volatilidade. O mercado está sem rumo e apenas ajustou posições para o fim do dia e da semana”, afirma o economista-chefe da Infinity Asset, Jason Vieira, que, apesar do resultado ruim do PMI americano, vê como exagerados os temores de recessão nos Estados Unidos, uma vez que o mercado de trabalho continua forte.
Ver todos os comentários | 0 |