As ações da Petrobras encerram o pregão de ontem em forte baixa depois de o governo receber como uma afronta o reajuste dos preços da gasolina e do diesel anunciado pela estatal durante a manhã.
O fogo cruzado contribuiu para uma queda de 7,25% das ações ordinárias da empresa, e de 6,09% nas preferenciais. Ao longo do dia, as ações chegaram a cair quase 10%, após o presidente da Câmara, Arthur Lira, dizer que o governo pode dobrar a taxação dos lucros da estatal para reverter em benefício ao consumidor. Com isso, a Petrobras terminou o pregão com uma perda de R$ 27,3 bilhões em valor de mercado em apenas um dia.
“O mercado viu o reajuste dos combustíveis como insuficiente porque a defasagem, para o preço internacional, já estava muito grande, o que explica parte da queda das ações. Mas também há um ambiente mais difícil para as ações no exterior”, disse Wagner Varejão, especialista da gestora Valor Investimentos.
Além disso, o especialista acrescenta que a percepção dos investidores sobre a tensão entre o governo e o Petrobras é ruim e influenciou no resultado de ontem. “O mercado vê com maus olhos tantas trocas de presidente (na Petrobras), em claras tentativas de mexer na política de preços da empresa. O que tem ajudado um pouco é que o governo enfrenta extrema dificuldade de fazer isso”, disse.
Queda na Bolsa
O tombo da Petrobras acentuou a queda na Bolsa brasileira, já influenciada por uma preocupação maior dos investidores com o aumento dos juros pelos bancos centrais e uma possível desaceleração da economia nos países ricos.
Após rodar o dia com perdas acima de 3%, o Ibovespa encerrou o pregão em queda de 2,90%, aos 99.824,94 pontos, o menor nível de encerramento desde 4 de novembro de 2020. Com o aumento da percepção do risco, o dólar subiu 2,35% e fechou em R$ 5,14.
A Bolsa encerrou a semana com queda de 5,36%, o terceiro desempenho semanal negativo seguido. Em junho, o recuo chega agora a 10,35%, superando a queda de 10,10% em abril.
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