Com a operação-padrão dos servidores do Banco Central (BC), a instituição informou na manhã desta segunda-feira, 28, que não divulgará nesta semana as estatísticas econômico-financeiras de fevereiro, como estava previsto. A assessoria da autoridade monetária disse que as datas de publicação serão divulgadas “oportunamente”.
Pela segunda semana consecutiva, o movimento dos servidores do BC atrasou também a divulgação do Relatório de Mercado Focus, boletim com as previsões dos economistas sobre inflação, PIB e outros indicadores. Os dados, que normalmente são publicados por volta de 8h25, só estarão disponíveis às 10h.
Como mostrou o Estadão/Broadcast no domingo, 27, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, desistiu de participar de um evento em Campo Mourão (PR) nesta segunda-feira para acompanhar de perto a mobilização dos servidores da autarquia, que podem decretar uma greve a partir de 1º de abril em assembleia marcada para o começo desta tarde. A informação foi confirmada ao Estadão/Broadcast por técnicos da instituição.
Diante do risco de paralisação total das atividades, Campos Neto se reuniu com representantes dos servidores na noite de sábado, 26. Os trabalhadores do BC cobraram dele um posicionamento do governo sobre a possibilidade de reajuste salarial. A categoria exige um aumento de 26,3%, além da reestruturação da carreira. Entretanto, o presidente da autoridade não apresentou uma oferta de aumento nos contracheques.
Os servidores do BC fazem paralisações diárias de quatro horas, das 14h às 18h, desde 17 de março. O movimento já atrasou divulgações como a Pesquisa Focus, o resultado do Questionário Pré-Copom, o fluxo cambial, além da apuração diária da ptax.
Com as pressões crescentes, Campos Neto enviou um ofício ao Ministério da Economia solicitando que os servidores do BC recebam reajuste salarial caso o governo decida aumentar os valores dos contracheques de outras categorias. No fim do ano passado, o presidente Jair Bolsonaro prometeu aumentos para policiais federais e rodoviários, mas até agora não oficializou o reajuste a essas categorias ligadas ao Ministério da Justiça.
A posição inicial do presidente do BC era de que reajustes não deveriam ser concedidos para nenhuma categoria. Questionado pelo Estadão/Broadcast na última quinta-feira, 24, Campos Neto disse que a autoridade monetária tem "esquemas de contingência" para continuar funcionando caso o movimento evolua para uma greve geral dos funcionários.
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