Os últimos 13 meses não foram tranquilos para a Meta, companhia dona do Facebook, Instagram e WhatsApp e que, desde o ano passado, investe no metaverso como aposta para o futuro da internet. De setembro de 2021 até esta quinta-feira, 27, a empresa perdeu cerca de US$ 730 bilhões em valor de mercado - apenas na quinta, foram US$ 68 bilhões após a divulgação de resultados financeiros ruins.
Em setembro do ano passado, a firma chegou a ser avaliada em US$ 1 trilhão, o que a colocou no seleto clube das companhias trilionárias, junto de Apple, Microsoft, Amazon e Google — empresas que tiveram ascensão gigante durante a pandemia de covid-19.
Hoje, a dona do Facebook tem valuation de US$ 270 bilhões (queda de 74%). A cifra tirou a Meta da lista das 20 maiores empresas americanas, com avaliação menor que a Tesla (US$ 700 bilhões), Visa (US$ 430 bilhões), Nvidia (US$ 328 bilhões) e Mastercard (US$ 308 bilhões). A companhia está acima da Coca-Cola (US$ 257 bilhões), por exemplo.
Em outras palavras, isso significa que investidores estão vendendo ações e “fugindo” da Meta, o que faz com que o preço dos papeis à venda caia. Nesta quinta, o preço fechou em US$ 97,94 por ação, menor valor desde 2016.
Os motivos para o derretimento das ações da Meta são quatro, segundo analistas: perspectiva de crise econômica global, que vem afetando o mercado de tecnologia; concorrência acirrada com o rival TikTok; mudança nas configurações de privacidade do iPhone, que altera o mercado de publicidade no mundo (principal fonte de receita do Facebook e Instagram); e investimentos aparentemente infrutífero no metaverso, que chegou a se tornar alvo de piadas entre usuários.
Crise econômica e guerra prejudicam empresas de tecnologia
Após a euforia da pandemia de covid-19, que impulsionou a digitalização de diversos setores da economia e beneficiou especialmente as empresas de tecnologia, o ano de 2022 tem sido de ajustes de expectativas após o boom dos últimos dois anos.
Além disso a guerra na Ucrânia bagunçou os mercados globais. O conflito na Europa dificulta as cadeias de logística globais e afeta a produção de diversos bens, o que faz a inflação saltar. Como consequência, os bancos centrais aumentam os juros básicos para “esfriar” a economia e tentar conter a alta generalizada nos preços.
Na prática, para empresas de tecnologia como a Meta, isso significa prejudica o mercado de anúncios, principal fonte de receita das redes sociais como Facebook ou Twitter, por exemplo. Com menos anunciantes e publicidade circulando nas plataformas digitais, menos dinheiro entra no caixa dessas empresas.
O Google, outra empresa que depende de publicidade para gerar receita, também apresentou desaceleração no último trimestre: crescimento de 6% ante 2021. Na comparação do ano passado com 2020, a variação havia sido uma alta de 41%.
TikTok ‘rouba’ a cena
A ascensão do TikTok não é exatamente uma novidade em 2022, mas neste ano o aplicativo não mostra sinais de desaceleração — uma dor de cabeça para Mark Zuckerberg, que vem implementando mudanças principalmente no Instagram para tentar tornar a rede social de fotos em uma plataforma de vídeos, similar ao aplicativo chinês.
Em julho passado, o chefe do Instagram, Adam Mosseri, anunciou diversas mudanças no app que impactam diretamente a usabilidade da plataforma pelos usuários. A decisão pegou mal: hashtags foram subidas nas redes e muitos prometeram abandonar o aplicativo.
Pouco depois, Mosseri voltou à cena e reverteu as mudanças, com a promessa de que o Instagram voltaria com soluções melhores. O movimento acendeu um alerta entre os executivos da Meta, que não querem ver os três aplicativos da empresa perdendo relevância entre usuários.
Isso porque, no primeiro semestre deste ano, os aplicativos da Meta encolheram em número de usuários pela primeira vez na história da empresa — o que ajudou a tombar com as ações da empresa em 3 de fevereiro. Na ocasião, a companhia perdeu US$ 252 bilhões de avaliação de mercado em um único dia, feito inédito para qualquer empresa listada na Bolsa americana.
Apple altera privacidade do iPhone
Em 2021, a Apple implementou uma mudança brusca no iOS 15, o sistema operacional do iPhone lançado no ano passado. Desde então, todos os usuários com um dispositivo da marca deveriam sinalizar em cada aplicativo se gostariam de ser “rastreados” — isto é, que esses apps conseguissem monitorar os “passos digitais” (como navegação e outros dados pessoais) em sites terceiros.
Ao optar por não ser rastreado, o usuário impede que o aplicativo use as “pegadas digitais” para segmentar melhor anúncios. Esse formato desafia o modelo de negócio de plataformas como Facebook e Instagram, que, desde o novo iOS, têm de contornar o novo obstáculo para não sofrer impacto na receita gerada a partir de publicidade.
Em fevereiro passado, a então chefe de operações da Meta, Sheryl Sandberg, sinalizou as dificuldades enfrentadas pelos apps da companhia. “Como outras empresas em nosso setor, enfrentamos ventos contrários como resultado das mudanças no iOS da Apple. A Apple criou dois desafios para os anunciantes: um é que a precisão de nossa segmentação de anúncios diminuiu, o que aumentou o custo de gerar resultados. O outro é que medir esses os resultados se tornaram mais difíceis”, disse.
Ainda na conversa com investidores, o diretor financeiro da empresa, David Wehner, afirmou que a manobra da Apple pode gerar uma perda de, pelo menos, US$ 10 bilhões em receita no ano de 2022 do Facebook.
Apple altera privacidade do iPhone
Em 2021, a Apple implementou uma mudança brusca no iOS 15, o sistema operacional do iPhone lançado no ano passado. Desde então, todos os usuários com um dispositivo da marca deveriam sinalizar em cada aplicativo se gostariam de ser “rastreados” — isto é, que esses apps conseguissem monitorar os “passos digitais” (como navegação e outros dados pessoais) em sites terceiros.
Ao optar por não ser rastreado, o usuário impede que o aplicativo use as “pegadas digitais” para segmentar melhor anúncios. Esse formato desafia o modelo de negócio de plataformas como Facebook e Instagram, que, desde o novo iOS, têm de contornar o novo obstáculo para não sofrer impacto na receita gerada a partir de publicidade.
Em fevereiro passado, a então chefe de operações da Meta, Sheryl Sandberg, sinalizou as dificuldades enfrentadas pelos apps da companhia. “Como outras empresas em nosso setor, enfrentamos ventos contrários como resultado das mudanças no iOS da Apple. A Apple criou dois desafios para os anunciantes: um é que a precisão de nossa segmentação de anúncios diminuiu, o que aumentou o custo de gerar resultados. O outro é que medir esses os resultados se tornaram mais difíceis”, disse.
Ainda na conversa com investidores, o diretor financeiro da empresa, David Wehner, afirmou que a manobra da Apple pode gerar uma perda de, pelo menos, US$ 10 bilhões em receita no ano de 2022 do Facebook.
Insistência no metaverso
Principal aposta de Mark Zuckerberg, o metaverso ainda não deu frutos. Segundo o último balanço da companhia, referente ao trimestre encerrado em setembro, a seção de Reality Labs apresentou prejuízo de US$ 12 bilhões nos últimos 12 meses, com os custos de operação subindo mais e mais, conforme a companhia investe mais no setor.
“Esperamos que as perdas em operação dos Reality Labs cresçam significativamente no ano que vem. Depois de 2023, esperamos que os investimentos realizados possam atingir nossa meta de crescimento no longo prazo”, declarou a Meta em nota a investidores.
Os investidores, no entanto, não gostaram das estimativas. Os bancos de investimentos Morgan Stanley, Cowen e KeyBanc criticaram os altos investimentos no metaverso, baixando a recomendação do preço da ação.
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