Fechar
GP1

Economia e Negócios

Inflação deve passar de 10% ao ano com alta da gasolina e da energia

IPCA-15 ficou em 1,14% em setembro, o maior resultado para o mês desde o início do Plano Real, em 1994.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - 15 (IPCA-15), prévia da inflação oficial, subiu 1,14% em setembro, após ter avançado 0,89% em agosto, informou nesta sexta-feira, 24, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Foi a maior alta para meses de setembro desde 1994, quando, ainda no início da implantação do Plano Real, o IPCA-15 subiu 1,63%.

O resultado ficou no teto das estimativas do mercado financeiro, consultadas pelo Projeções Broadcast, que variavam de 0,90% a 1,14%.


No ano, o IPCA-15 tem aumento de 7,02% e supera os 10% no acumulado em 12 meses (10,05%). No acumulado em 12 meses, a taxa de setembro é a maior desde fevereiro de 2016, quando foi de 10,84%.

A alta nos preços dos combustíveis e da energia elétrica puxou o resultado do IPCA-15 de setembro. Sozinhos, a gasolina (com alta de 2,85%) e a energia (alta de 3,61%) foram os itens com maior impacto no indicador, contribuindo com 0,17 ponto porcentual.

O grupo transportes registrou alta de 2,22% no IPCA-15 de setembro, contribuindo com 0,46 ponto. Os combustíveis como um todo ficaram 3,0% mais caros em setembro, acelerando a variação na comparação com os 2,02% do IPCA-15 de agosto. Com a alta de 2,85% em setembro, o preço médio da gasolina já acumula um salto de 39,05% nos últimos 12 meses. Os demais combustíveis também apresentaram altas no IPCA-15 de setembro: etanol (4,55%), gás veicular (2,04%) e óleo diesel (1,63%).

Os problemas de escassez de insumos nas cadeias produtivas da indústria automotiva também afetaram a inflação: somados, os automóveis novos (alta de 1,70%), os automóveis usados (1,34% mais caros) e as motocicletas (avanço de 1,04%) contribuíram com 0,08 ponto porceuntual no IPCA-15 de setembro. Produtos e serviços do mundo automotivo também ficaram mais caros. Foi o caso do seguro voluntário de veículo (3,08%), do óleo lubrificante (2,37%), do pneu (1,88%) e do conserto de automóvel (0,81%).

Ainda em transportes, os preços das passagens aéreas subiram 28,76% em setembro, após a queda de 10,90% no IPCA-15 de agosto. Segundo o IBGE, o ônibus intermunicipal ficou 0,40% mais caro, por causa de reajuste nas passagens em Salvador e Fortaleza. Outros destaques de alta no IPCA-15 de setembro foram o aluguel de veículo (4,63%) e o transporte por aplicativo (4,00%), que já haviam subido no mês anterior (9,53% e 9,12%, respectivamente).

A conta de luz mais cara fez o grupo ter o terceiro maior impacto de alta no IPCA-15 de setembro. O avanço de 1,55% (abaixo do 1,97% do IPCA-15 de agosto) acrescentou 0,25 ponto na variação do indicador. Em nota, o IBGE chamou a atenção para o fato de que a alta de 3,61% na energia elétrica ficou abaixo da variação registrada no IPCA-15 de agosto (5,0%).

“No mês passado, vigorou a bandeira vermelha patamar 2, com acréscimo de R$ 9,492 a cada 100 kWh consumidos. A partir de 1º de setembro, passou a valer a bandeira tarifária de Escassez Hídrica, que acrescenta R$ 14,20 para os mesmos 100 kWh. Além disso, houve reajuste de 8,92% nas tarifas em Belém (10,24%), vigente desde 7 de agosto”, diz a nota do IBGE.

Além disso, houve alta de 2,20% no gás encanado. Os gastos com habitação só não corroeram mais o orçamento das famílias porque o preço da tarifa de água e esgoto caiu 0,08%, “consequência da mudança na metodologia de cobrança das tarifas em Belo Horizonte (-9,47%), a partir de 1.º de agosto”.

O grupo alimentação e bebidas avançou 1,27%, acima do 1,02% em agosto e do 0,49% de julho. Com a alta, o grupo teve o segundo maior impacto de alta no IPCA-15 de setembro, acrescentando 0,27 ponto porcentual na variação do indicador.

Segundo o IBGE, a aceleração da inflação de alimentos foi puxada pela alimentação no domicílio, que passou de uma alta de 1,29% no IPCA-15 de agosto para um avanço de 1,51% no IPCA-15 de setembro.

Entre os destaques de alta, os preços das carnes subiram 1,10%. O IBGE destacou também as altas nos preços da batata-inglesa (10,41%), do café moído (7,80%), do frango em pedaços (4,70%), das frutas (2,81%) e do leite longa vida (2,01%).

O quadro só não foi pior porque houve alívio nos preços do arroz, que foi vilão da inflação de alimentos no fim de 2020. No IPCA-15 de setembro, o arroz caiu 1,03%, o oitavo mês seguido de queda. Também contribuiu para o alívio a cebola, com redução média de 7,51% no IPCA-15 de setembro, o sexta mês seguido de recuos.

Segundo o IBGE, a alimentação fora do domicílio também acelerou na passagem de agosto (0,35%) para setembro (0,69%). “No entanto, observaram-se movimentos distintos nos dois principais componentes desse subgrupo: enquanto a refeição subiu 1,31%, frente à alta de 0,10% no mês anterior, o lanche registrou recuo de 0,46%, após alta de 0,75% em agosto”, diz a nota do IBGE.

Pressão sobre o BC

Para o economista-chefe do Goldman Sachs para a América Latina, Alberto Ramos, o resultado do IPCA-15 coloca uma pressão ainda maior sobre o Banco Central para conter a alta de preços no ano que vem e atingir a meta da política monetária.

“Pressões significativas de aumento de custos, uma inflação de serviços em crescimento rápido, o risco político e forças inerciais estão contaminando a perspectiva para a inflação em 2022 e devem fazer o Banco Central levar a taxa de juros para território contracionista”, disse, em relatório. “Entretanto, nesse estágio, a chance de o Banco Central conseguir levar a inflação para a meta de 3,5% em 2022 é baixa.”

Mais conteúdo sobre:

Ver todos os comentários   | 0 |

Facebook
 
© 2007-2024 GP1 - Todos os direitos reservados.
É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita do GP1.