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Economia e Negócios

Arábia Saudita suspende compra de carne de aves da JBS

Ao todo, onze frigoríficos, sendo sete da JBS, foram afetados pela medida.

A Arábia Saudita, segundo maior comprador de carne de frango do Brasil, suspendeu as importações da proteína de 11 unidades brasileiras, das quais sete pertencentes ao grupo JBS, em um momento no qual o país árabe busca a ampliação da produção interna para se abastecer.

O governo brasileiro recebeu a informação "com surpresa e consternação" e pretende levar o caso à Organização Mundial do Comércio (OMC), caso se comprove a imposição de barreira indevida, conforme nota conjunta dos ministérios da Agricultura e Relações Exteriores divulgada nesta quinta-feira, 6.


O comunicado ressalta que a decisão apenas constou na nova lista da Saudi Food and Drug Authority (SFDA, na sigla em inglês), autoridade sanitária do governo saudita, sobre as plantas do Brasil autorizadas a exportar para o país, sem maiores detalhes. A medida entra em vigor a partir do dia 23.

"Não houve contato prévio das autoridades sauditas, tampouco apresentação de motivações ou justificativas que embasem as suspensões", disse o comunicado, citando que, até o momento, apenas o Brasil foi objeto de atualização da lista de exportadores de carne de aves.

O documento da SFDA, disponível em seu site e visto pela Reuters, indica que duas das unidades suspensas são da JBS Aves, localizadas em Passo Fundo (RS) e Montenegro (RS). Outras cinco são da Seara - em Brasília (DF), Campo Mourão (PR), Amparo (SP), Ipumirim (SC) e Caxias do Sul (RS). Com isso, o grupo JBS fica fora deste mercado no segmento de aves.

Em nota, a companhia disse que já procurou a autoridade sanitária saudita para dialogar e entender as motivações para o bloqueio dos embarques da proteína. "A produção antes destinada à Arábia Saudita já foi redirecionada para outros mercados", afirmou a empresa, que é uma das maiores processadoras de carnes do mundo.

O grupo Vibra Agroindustrial teve três unidades suspensas e a Agroaraçá teve uma unidade barrada, de acordo com o documento.

A concorrente BRF disse por meio da assessoria de imprensa que não teve nenhuma fábrica suspensa nesta atualização de habilitações da SFDA. No entanto, a companhia já contava com suspensões temporárias para o mercado saudita em duas unidades, aplicadas no ano passado.

Agora, o mercado da Arábia Saudita continua sendo acessado somente pela BRF, com quatro plantas, e outras cinco empresas exportadoras menores, quando comparadas às gigantes do setor.

Governo quer explicações

O governo brasileiro disse que iniciou contatos com as autoridades sauditas e a embaixada desse país em Brasília para esclarecer o episódio. "Todas as vias bilaterais e multilaterais serão empregadas com vistas à pronta resolução da questão", destacou o comunicado dos ministérios.

"O Brasil reitera os elevados padrões de qualidade e sanidade seguidos por toda nossa cadeia de produtos de origem animal... Há confiança de que todos os requisitos sanitários estabelecidos por mercados de destino são integralmente cumpridos."

A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) afirmou em nota que está apoiando o governo brasileiro na busca por mais detalhes sobre a "surpreendente decisão unilateral" tomada pelas autoridades sauditas, com a suspensão de plantas exportadoras de carne de frango.

O diretor da Scot Consultoria, Alcides Torres, lembrou que os sauditas já haviam manifestado a intenção de produzir o frango lá para abastecimento interno, o que indica que a decisão sem maiores motivações pode se tratar de uma medida protecionista.

"Está todo mundo surpreso, é cedo para falar qualquer coisa, mas essa intenção de produzirem o frango na Arábia Saudita, isso já é público", afirmou. As suspensões anunciadas ao Brasil ocorrem na mesma semana em que a companhia saudita Almarai, uma das maiores do país, anunciou um investimento de 1,8 bilhão de dólares para dobrar sua produção de frango.

Dados da ABPA mostram que as exportações brasileiras de frango para a Arábia Saudita atingiram 120,8 mil toneladas no primeiro trimestre deste ano, alta de 8,5% ante o mesmo período de 2020, e representaram 12% do total embarcado de janeiro a março.

O mercado já foi o principal destino da proteína do Brasil e perdeu o posto para a China em 2019, com o surto de peste suína africana no rebanho chinês.

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