O executivo José Carlos Grubisich, ex-presidente da petroquímica brasileira Braskem, foi condenado nesta terça-feira, 12, a 20 meses de prisão nos Estados Unidos. De acordo com comunicado oficial da Justiça americana, Grubisich desviou centenas de milhões de dólares da Braskem para um fundo secreto e pagou subornos a funcionários do governo e partidos políticos. Além de ter de cumprir a prisão, Grubisich terá de pagar US$ 2,2 milhões de indenização.
O executivo se declarou culpado em abril por participar de um esquema de propina que envolvia a Braskem e seu controlador, o grupo Odebrecht (hoje rebatizado Novonor).
A sentença foi proferida pelo juiz Raymond Dearie, de Nova York – a divisão de corrupção internacional do FBI do Estado também participa o caso. “Grubisich e aliados desviaram aproximadamente US$ 250 milhões da Braskem para um fundo secreto, que Grubisich e outros geraram por meio de contratos fraudulentos e empresas de fachada controladas secretamente pela Braskem”, disse a Justiça americana, no comunicado que anunciou a sentença.
Férias interrompidas
Grubisich foi originalmente detido ao chegar ao Aeroporto John F. Kennedy, em Nova York, em novembro de 2019, para uma semana de férias com a esposa. As acusações haviam sido definidas em fevereiro daquele ano e foram colocadas sob segredo de Justiça por oito meses para facilitar a prisão de Grubisich quando ele estivesse em solo americano, informou o DoJ no documento que justificou a prisão temporária.
Segundo o DoJ, as investigações sobre o executivo correm desde 2015 e se referem a pagamentos ilegais realizados entre 2002 e 2014, sendo que parte das investigações se estendem à Odebrecht. Em negociação paralela, em dezembro de 2016, Braskem e Odebrecht concordaram em pagar US$ 3,5 bilhões em um acordo relativo a pagamentos de propina investigados conjuntamente por autoridades do Brasil, dos EUA e da Suíça.
A acusação lembrava que, apesar de ter deixado o principal cargo executivo da Braskem em 2008, Grubisich manteve um assento no conselho de administração da petroquímica até 2012. Depois disso, atuou por mais dois anos como consultor externo da Odebrecht. Posteriormente, o executivo migrou para a Eldorado Celulose, do grupo J&F (de Wesley e Joesley Batista).
No documento de acusação, o DoJ afirmava que, na época em que era CEO da Braskem, Grubisich “concordou em falsificar parte dos balanços e arquivos da Braskem para esconder o esquema de corrupção, tendo assinado documentos falsos submetidos à SEC (xerife do mercado de capitais americano)”.
O documento explicava ainda que, para esconder o destino dos recursos para propinas, o executivo orientou a falsificação de balanços da Braskem, registrando os pagamentos de propinas a companhias de fachada.
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