A economia brasileira registrou um tombo de 10,94% no segundo trimestre de 2020, segundo o Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) divulgado pelo Banco Central (BC) nesta sexta-feira, 14. Essa é a maior baixa para um trimestre em toda a série histórica do BC, iniciada em janeiro de 2003.
O indicador é considerado uma "prévia" do Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país e serve para medir a evolução da economia.
Se a retração do PIB se confirmar no segundo trimestre deste ano, o Brasil terá entrado oficialmente em "recessão técnica" - que se caracteriza pelo recuo do nível de atividade por dois trimestres consecutivos. Nos três primeiros meses deste ano, a economia já havia tido retração de 1,5%.
O resultado oficial do PIB do segundo trimestre será divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) somente no dia 1.º de setembro.
O recuo entre abril de junho deste ano foi verificado na comparação com o primeiro trimestre de 2020. O valor foi calculado após ajuste sazonal, uma "compensação" para comparar períodos diferentes de um ano.
Os efeitos da pandemia de covid-19 sobre a economia, apesar de percebidos em fevereiro, se intensificaram em todo o mundo a partir de março. Para conter o número de mortos, o Brasil adotou o isolamento social em boa parte do território, o que impactou a atividade econômica. Os efeitos negativos foram percebidos principalmente em março e abril. Nos últimos dois meses (maio e junho), porém, o IBC-Br já demonstrou reação.
A projeção atual do BC para a atividade doméstica em 2020 é de retração de 6,4%, segundo o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de junho.
No Relatório de Mercado Focus divulgado pelo BC na última segunda-feira, 10, a projeção de economistas do mercado financeiro é de queda de 5,62% do PIB em 2020.
No mês passado, o governo brasileiro manteve a expectativa de queda de 4,7% para o PIB de 2020. O Banco Mundial prevê uma queda de 8% no PIB brasileiro e o Fundo Monetário Internacional (FMI) estima um tombo de 9,1% em 2020.
Alta em junho
Somente em junho deste ano, de acordo com o IBC-Br, porém, a economia brasileira mostrou crescimento de 4,89% - na comparação com o mês anterior. O número foi calculado após ajuste sazonal. Foi o segundo mês seguido de crescimento do indicador, após registrar fortes recuos em março e abril deste ano.
Entretanto, na comparação com junho do ano passado, informou o Banco Central, o índice de atividade econômica da instituição apresentou queda de 7,05%. Nesse caso, o índice foi calculado sem ajuste sazonal, pois considera períodos iguais.
No acumulado dos seis primeiros meses deste ano, de acordo com a instituição, o índice de atividade econômica registrou redução de 6,28%. Em 12 meses até junho de 2020, os números do BC indicam queda de 2,55% na prévia do PIB – sem ajuste sazonal.
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