O governador da Bahia, Rui Costa (PT), disse ao Estadão/Broadcast que os Estados articulam uma reunião na semana que vem com a frente parlamentar formada por senadores do Norte e Nordeste para discutir a situação do Bolsa Família.
O Estadão/Broadcast mostrou que o governo Jair Bolsonaro priorizou Sul e Sudeste na concessão de novos benefícios do programa em janeiro, em detrimento da região Nordeste, que concentra 36,8% das famílias em situação de pobreza ou extrema pobreza na fila de espera do programa.
Pelos dados fornecidos pelo Ministério da Cidadania ao Congresso, o Nordeste recebeu 3% dos novos benefícios enquanto Sul e Sudeste responderam por 75% das novas concessões.
Para se ter uma ideia, o número de novos benefícios concedidos em Santa Catarina, que tem população oito vezes menor que o Nordeste e é governada por Carlos Moisés (PSL), foi o dobro do repassado à região nordestina inteira, cujos governadores são da oposição.
Costa se disse “perplexo” com o diagnóstico da reportagem e afirmou que qualquer tentativa do governo de cortar ou prejudicar a população nordestina é “inadmissível”. A região foi a única em que Fernando Haddad (PT), opositor de Bolsonaro na corrida pela Presidência em 2018, venceu as eleições.
“Buscaremos uma reação do Parlamento para proteger a população contra ataques”, disse o governador.
Segundo o petista, o encolhimento do programa Bolsa Família já tem tido reflexos nos municípios nordestinos. Ele disse ter recebido relatos de prefeitos baianos sobre a volta de pessoas pedindo cestas básicas para conseguir sobreviver. “É um quadro preocupante e desolador”, disse.
Ontem, a Comissão de Desenvolvimento Regional (CDR) do Senado aprovou um convite ao ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni, para que ele esclareça os motivos do aumento da fila de espera do programa Bolsa Família. O requerimento foi apresentado pelo senador Jaques Wagner (PT-BA). A data da audiência ainda será agendada.
“O impacto maior dessa questão do Bolsa Família se dá exatamente sobre os pequenos municípios. Há um processo de retenção (dos pedidos). Só na Bahia são mais de 70 mil aguardando", afirmou Wagner. Segundo ele, a diferença nas concessões entre as regiões é "brutal".
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