Em mais um dia de forte oscilação nos mercados globais, a Bolsa brasileira amargou na última segunda-feira, 23, novo prejuízo, com seu principal índice, o Ibovespa, caindo 5,22%, aos 63.569 pontos – o menor patamar para a cesta de ações desde julho de 2017. O volume financeiro totalizou R$ 18,4 bilhões e a oscilação foi de mais de 8%, entra a mínima do dia (-7,32%) e a máxima (0,80%).
O dólar, que vinha de duas quedas consecutivas na semana passada, voltou a subir na última segunda, fechando cotado a R$ 5,13, alta de 2,15%, dentro do movimento internacional de valorização da moeda americana frente às demais divisas.
Segundo analistas, o que manteve azedo o humor dos investidores foi o impasse no Congresso dos Estados Unidos. Na segunda, 23, houve novo fracasso na tentativa de aprovar um pacote de socorro para injetar US$ 2 trilhões na economia, dinheiro tido por analistas como fundamental para enfrentar os efeitos da pandemia do novo coronavírus na maior economia do mundo.
Exatamente por isso, as bolsas americanas também operaram no vermelho. Elas chegaram a cair para além dos 4%, mas amenizaram o ritmo no final do pregão e encerraram o dia rondando a casa dos 3% negativos.
Aqui no Brasil, essa foi a principal razão do revés. O analista da corretora Rico, Thiago Salomão, diz até que nem no caso de um grande esforço do governo conseguiria rever o ritmo da forte queda nos ativos locais. “O preço da nossa Bolsa está totalmente ligada ao que acontece nos EUA neste momento. O Banco Central até anunciou medidas positivas aqui, mas isso nem foi sentido no mercado”, diz, referindo-se ao pacote do BC que estima liberar R$ 68 bi no sistema financeiro, a partir do dia 30 de março.
Para o estrategista-chefe da Infinity Asset, Otavio Aidar, a Bolsa vai continuar assim, com alguma alta e muitas quedas, enquanto o governo não descarregar um caminhão de dinheiro novo em empresas e trabalhadores. “A economia está parada e é preciso dinheiro”, diz ele. “Está absolutamente impossível dizer para que lado vai a Bolsa e o câmbio. Claro, na sexta, a gente estava a 10% de perder o patamar dos 60 mil pontos. Agora, estamos a 5%”, afirma.
Entre as grandes quedas da última segunda, estão empresas da área de varejo e serviço, justamente os setores que vão fechando as portas em São Paulo e no Rio, principais praças do País.
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