Com as famílias em dificuldades para fechar as contas durante a pandemia de covid-19, em meio à retração da atividade e ao desemprego, o juro médio total cobrado pelos bancos no rotativo do cartão de crédito subiu 7,8 ponto porcentual de setembro para outubro, informou nesta sexta-feira, 27, o Banco Central. A taxa passou de 309,7% para 317,5% ao ano.
Os dados são influenciados pelos efeitos da pandemia, que colocou em isolamento social boa parte da população, reduzindo a atividade das empresas e elevando o desemprego. Com a carência de recursos, as famílias aumentaram a demanda por algumas linhas de crédito nos bancos.
O rotativo do cartão, juntamente com o cheque especial, é uma modalidade de crédito emergencial, muito acessada em momentos de dificuldades. Ele pode ser acionado por quem não pode pagar o valor total da fatura na data do vencimento, mas não quer ficar inadimplente. A recomendação de especialistas, no entanto, é pagar todo o valor da fatura, mesmo que para isso precise recorrer a outras linhas bancárias, mais baratas.
Isso porque o juro do rotativo é uma das taxas mais elevadas entre as avaliadas pelo BC. Dentro dessa rubrica, a taxa da modalidade rotativo regular passou de 268,1% para 285,7% ao ano de setembro para outubro. Nesse caso, são consideradas as operações com cartão rotativo em que houve o pagamento mínimo da fatura.
A taxa de juros da modalidade rotativo não regular passou de 336,8% para 339,4% ao ano. O rotativo não regular inclui as operações nas quais o pagamento mínimo da fatura não foi realizado.
No caso do parcelado, ainda dentro de cartão de crédito, o juro passou de 142,0% para 148,6% ao ano. Considerando o juro total do cartão de crédito, que leva em conta operações do rotativo e do parcelado, a taxa passou de 62,4% para 61,2%.
Em abril de 2017, começou a valer a regra que obriga os bancos a transferir, após um mês, a dívida do rotativo do cartão de crédito para o parcelado, a juros mais baixos. A intenção do governo com a regra era permitir que a taxa de juros para o rotativo do cartão de crédito recuasse, já que o risco de inadimplência, em tese, cai com a migração para o parcelado.
Atualmente, porém, o risco de inadimplência aumentou, justamente porque muitas famílias estão enfrentando redução de renda, na esteira da pandemia.
Cheque especial
A taxa do cheque especial caiu em outubro, de 114% para 112,9% ao ano, mas continua muito acima da do crédito pessoal, por exemplo. Mesmo aumentando no mês passado, o custo do crédito pessoal está, em média, em 31,7% (contra 29,4% de setembro).
Desde julho de 2018, os bancos estão oferecendo um parcelamento para dívidas no cheque especial. A opção vale para débitos superiores a R$ 200. Em 6 de janeiro de 2020, o BC passou a aplicar uma limitação dos juros do cheque especial, de 8% ao mês (151,82% ao ano).
Os dados divulgados nesta sexta refletem uma revisão realizada na série histórica do Banco Central. De acordo com a autarquia, os números passaram a considerar o fato de alguns bancos cobrarem juro no cheque especial apenas após dez dias de atraso no pagamento da fatura. Antes, era considerado todo o período de atraso. Essa mudança fez com que o nível do juro no cheque especial, na nova série histórica, fosse menor em anos anteriores.
Ver todos os comentários | 0 |