Apesar da rentabilidade menor em relação a outras aplicações financeiras, a caderneta de poupança registrou captação líquida positiva pelo terceiro ano consecutivo. Dados divulgados nesta terça-feira, 7, pelo Banco Central mostram que, em 2019, os brasileiros depositaram R$ 13,3 bilhões líquidos na poupança. O valor já leva em consideração os saques feitos no período.
O montante é menor que os valores registrados em 2018 (R$ 38,3 bilhões) e 2017 (R$ 17,1 bilhões), mas consolida o período de recuperação da caderneta, após os saques líquidos registrados nos anos de crise. Somente em 2015 e 2016, com muitas famílias recorrendo à poupança para fechar as contas, R$ 94,3 bilhões líquidos haviam deixado a caderneta.
Em 2019, apesar de a poupança alternar meses de saques e depósitos, os aportes prevaleceram, na esteira da relativa recuperação da economia e da diminuição do desemprego. Em dezembro, mês de pagamento do 13º salário, a poupança registrou captação líquida positiva de R$ 17,2 bilhões. O montante foi resultado de aportes de R$ 260,5 bilhões e retiradas de R$ 243,3 bilhões.
Considerando o rendimento de R$ 2,5 bilhões no período, a poupança fechou 2019 com saldo total de R$ 845,5 bilhões. Em valores nominais (sem considerar a inflação), esse é o maior saldo da história da poupança. A série histórica do BC leva em conta valores desde janeiro de 1995.
O desempenho da poupança em 2019 ocorre a despeito de a aplicação não ser mais tão atrativa. Com a baixa da Selic, a taxa básica de juros da economia, o retorno da poupança também caiu nos últimos anos. Isso porque, pelas regras atuais, a poupança é remunerada pela taxa referencial (TR), que está em zero, mais 70% da Selic. A Selic, por sua vez, está em 4,5% ao ano, no menor patamar da história.
Com isso, o retorno atual da poupança é de 3,15% ao ano - um porcentual que, em 2020, pode perder para a inflação, já que o mercado financeiro projeta alta de 3,60% para os preços no ano.
Em 2019, conforme cálculos da consultoria Economatica, a poupança ainda gerou um retorno real (já descontada a inflação) de 2,96%. O desempenho ficou bem abaixo do registrado por outras aplicações. O Ibovespa – índice de referência da bolsa brasileira –, por exemplo, teve ganho real de 27,60% em 2019.
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