A Atvos, braço sucroenergético da Odebrecht, confirmou nesta quarta-feira, 29, a entrega do pedido de recuperação judicial, conforme antecipou a Coluna do Broadcast na terça-feira. Em comunicado, a empresa afirma que "o processo é resultado da investida hostil de um fundo internacional, credor da Atvos, que por meio de processo judicial colocou em risco as operações da empresa".
A Atvos tem 60 dias para apresentar a primeira versão do plano de recuperação judicial. Segundo apurou o Estadão/Broadcast, o total da dívida apresentada no documento entregue ao juiz João de Oliveira Rodrigues Filho, da 1.ª Vara de Justiça de São Paulo, soma R$ 11,96 bilhões.
O fundo a que se refere a Atvos é o Lone Star, detentor de créditos de R$ 1 bilhão contra a empresa, representados por debêntures. Na semana passada, a Lone Star obteve do Tribunal de Justiça ordem de execução de penhora de 65% da produção da empresa.
Diante de uma já frágil situação financeira e com a ordem de depósito desse porcentual de sua produção para pagamento à Lone Star, fontes já informavam nesta terça que a Atvos recorreria à recuperação judicial.
A empresa justifica em nota que escolheu o caminho para preservar a operação das unidades agroindustriais, garantir equilíbrio financeiro e, principalmente, reforçar seu compromisso com os mais de 10 mil empregados, suas famílias, comunidades, parceiros, fornecedores e clientes.
A Atvos diz ainda que ao longo dos seus mais de 11 anos de atuação, se consolidou no setor sucroenergético e atualmente é responsável por 10% do abastecimento de etanol no mercado brasileiro. A empresa informa que gera mais de 40 mil empregos diretos e indiretos em quatro estados brasileiros (São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás).
Na safra 19/20, possui expectativa de moer cerca de 27 milhões de toneladas de cana, suficientes para produzir 2,1 bilhões de litros de etanol, 237 mil toneladas de açúcar VHP e gerar 2,9 mil GWh de energia elétrica.
A Atvos vem reestruturando sua dívida desde 2016. Foi a primeira empresa do grupo a sentar à mesa com credores depois da prisão de Marcelo Odebrecht, em 2015. Na ocasião da primeira renegociação, a holding fez um aporte na Atvos de R$ 6 bilhões, a partir de empréstimo garantido por ações da Braskem, com o que conseguiu cessar as preocupação quanto à viabilidade do grupo.
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e Banco do Brasil estão entre os maiores credores da Atvos. Na época, a divida da Atvos somava cerca de R$ 11 bilhões.
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