O Governo dos Estados Unidos, sob a liderança de Donald Trump , pode intensificar suas medidas comerciais contra o Brasil, com foco no setor de etanol, segundo alertas recebidos por representantes do setor sucroalcooleiro brasileiro e que foram encaminhados ao Governo Lula . O diretor da Raízen, maior produtora de etanol do Brasil, Paulo Macedo, comunicou à embaixada brasileira em Washington que já há discussões sobre o tema na Casa Branca.

Caso isso se confirme, o Brasil poderá enfrentar novas tarifas sobre o etanol, que pode afetar significativamente as exportações brasileiras, especialmente para o mercado norte-americano. A disputa comercial entre Brasil e EUA sobre o etanol é antiga. Washington acusa o Brasil de dificultar a entrada de etanol norte-americano, produzido a partir do milho, enquanto o etanol brasileiro, derivado da cana-de-açúcar, ingressa praticamente sem tarifas no território norte-americano.

Foto: Youtube/Lula
Lula concedendo entrevista com gravata Louis Vuitton

Para os produtores dos EUA, especialmente no Meio-Oeste, que têm forte base política em Trump, essas condições são vistas como injustas. Já o Brasil argumenta que suas barreiras são justificadas por outras medidas protecionistas dos EUA, como as restrições ao açúcar brasileiro.

O impacto de uma possível imposição de tarifas sobre o etanol afetaria diretamente o segundo maior mercado para o produto brasileiro. Em 2024, as exportações brasileiras de etanol para os EUA somaram US$ 181,8 milhões, e o país ocupa o segundo lugar entre os destinos internacionais do etanol, atrás apenas da Coreia do Sul. Apesar disso, a principal preocupação do governo brasileiro é a ameaça de aumento das tarifas, especialmente em um contexto político sensível, como o apoio a produtores nordestinos, que enfrentam mais dificuldades com a concorrência externa.

Em recente audiência no Senado, Jamieson Greer, indicado para o cargo de representante de Comércio dos EUA, destacou que o setor de etanol brasileiro é um exemplo claro de injustiça comercial. Ele afirmou que, caso necessário, os EUA podem adotar medidas investigativas para pressionar o Brasil a abrir mais seu mercado ao etanol americano. O posicionamento agressivo de Greer reforça as preocupações de que as tarifas possam ser elevadas, afetando diretamente a competitividade do etanol brasileiro no mercado internacional.