Depois de mais de seis meses fechadas, as escolas particulares do Distrito Federal começam a retomar as aulas presenciais na próxima segunda-feira, 21. A estimativa do sindicato das escolas privadas (Sinepe), porém, é que somente 20% a 30% das escolas reabram as portas em um primeiro momento.
O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, foi o primeiro a suspender as aulas devido à pandemia do coronavírus, ainda em 12 de março. Nos últimos meses, Ibaneis flexibilizou medidas de isolamento em várias áreas, reabriu comércios e clubes, mas travou uma batalha judicial para conseguir voltar com as aulas presenciais.
Mesmo com os casos de covid-19 no Distrito Federal ainda em um patamar alto - foram registradas 3 mil mortes até agora – a Justiça, por fim, permitiu a reabertura dos estabelecimentos particulares. Na rede pública, ainda não há previsão de retomada. Desde o dia 16 de setembro, estudantes começaram a ter acesso a internet gratuita oferecida pelo governo.
Cronograma
A partir da próxima semana, as escolas poderão receber 50% dos alunos e a reabertura seguirá um cronograma: educação infantil e ensino fundamental 1 (1º ao 5º ano) voltam em 21 de setembro, ensino fundamental 2 (6º ao 9º no) retorna em 19 de outubro, e ensino médio e profissionalizante, 26 de outubro.
Haverá ainda testes de coronavírus para os professores e as escolas terão que oferecer equipamentos, como faceshields e luvas. “A volta é optativa, acreditamos que um número reduzido de escolas retornará, recebendo não mais do que 30% dos estudantes. Com todo protocolo de profilaxia e segurança, distanciamento, álcool gel e máscaras, em um espaço tão seguro quanto a residência dos alunos, é essa nossa expectativa”, afirmou o presidente do Sinpe, Álvaro Domingues.
Muitos estabelecimentos optaram por um retorno híbrido e continuarão a oferecer aulas online para as famílias que preferirem. Cada escola ficará responsável pelo seu cronograma, o que significa que algumas poderão terminar o ano letivo ainda este ano e, outras, empurrar o fim para 2021.
Mesmo com o estabelecimento de protocolos de segurança, as famílias do DF estão divididas sobre enviar ou não os filhos de volta às carteiras escolares. Depois de perder o sogro para o covid-19 no início deste mês, a professora universitária da área de Farmácia Eloá Medeiros não pretende mandar os filhos Lucas, de 14 anos, e Diogo, de 11, tão cedo.
“Meu sogro, apesar de idoso, era saudável e não tinha comorbidades. Foi um reforço de que precisamos continuar nos cuidando”, explica. “A escola está com uma proposta excelente, dando todo o apoio. Mas ainda acho que não é suficiente devido ao risco”.
Ela conta que teve que adaptar toda a casa para permitir trabalho e estudo de quatro pessoas, mas que sentiu perda no aprendizado dos filhos. “Não é a mesma coisa, falta profundidade no conteúdo. Mas acho que voltar um mês antes de terminar o ano não vai resgatar a perda que houve”, completa.
Já a dentista Manuela Félix decidiu que mandará os filhos Mariana, de 10 anos, e Enzo, de 7. Como continua atendendo pacientes, ela acredita que o retorno não aumentará o risco para a família. “Estou trabalhando normalmente, vou para o consultório todos os dias. Minha profissão não permite o distanciamento, usamos protetores, mas ficamos em contato com paciente”, afirma.
Mesmo com as crianças fazendo aulas online, ela acredita que houve uma perda de conteúdo e falta o acompanhamento mais próximo dos professores. “Pesa também a questão da saúde mental. Eles estão muito ligados na televisão, no celular. Além disso, as crianças estão muito acostumadas com máscara, usam álcool em gel, está na rotina deles. Fico mais despreocupada”, acrescenta.
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