A ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, foi alvo de denúncias formais de ex-servidoras de sua equipe, e está sendo acusada de prática de assédio moral e xenofobia no ministério. A reportagem é do jornal O Estado de S. Paulo.
De acordo com o jornal, os relatos foram enviados para apuração de dois órgãos federais: a Controladoria-Geral da União (CGU) e a Comissão de Ética Pública (CEP) da Presidência da República. O Estadão teve acesso a cinco denúncias, além de dossiês escritos e gravações de reuniões feitas pelas denunciantes e entregues à CGU e à Comissão de Ética.
Também foram apresentadas acusações contra a secretária-executiva do ministério, Maria Helena Guarezi, a corregedora interna, Dyleny Teixeira Alves da Silva, e a ex-diretora de Articulação Institucional Carla Ramos. Segundo os relatos, haviam ameaças de demissão a servidoras, cobrança de trabalho em prazo exíguo, tratamento hostil, manifestações de preconceito e gritos.
Segundo as ex-servidoras, Maria Helena Guarezi, segunda na hierarquia do ministério, teria cometido racismo em uma reunião, e Carla Ramos é acusada de gritar com subordinadas.
Ao ser procurada pelo Estadão, a CGU afirmou que a acusação à ministra foi remetida à Comissão de Ética e que arquivou denúncias contra as servidoras por falta de “elementos que indicassem possíveis infrações disciplinares”. O Ministério das Mulheres informou que as queixas não possuem “elementos concretos”.
Outro lado
O Estadão questionou o Ministério das Mulheres sobre o teor das acusações e declarações gravadas da ministra e integrantes da equipe. O ministério enviou uma resposta oficial geral do caso, e disse que as acusações são anônimas e carecem de “elementos concretos”.
“O Ministério das Mulheres informa que nenhuma das acusações mencionadas foi registrada formalmente nos canais de denúncia das corregedorias do órgão ou da Controladoria-Geral da União”, disse a assessoria de comunicação da pasta. “Informa ainda que tais acusações não são novas, já tendo sido objeto de matéria em outro portal jornalístico anteriormente, também sob anonimato e sem elementos concretos”, completou.
“Vale mencionar, contudo, que, depois da matéria anteriormente veiculada, foi aberto procedimento de averiguação pela Controladoria-Geral da União, já arquivado ante a ‘ausência de indícios de materialidade que justifiquem o prosseguimento de eventual apuração’”, acrescentou.
A CGU confirmou ao Estadão ter recebido denúncias em seus canais. A Controladoria havia aberto um procedimento de ofício, depois de o site Alma Preta, ligado ao movimento negro, veicular em outubro o conteúdo da gravação da reunião de Cida e noticiar ter ouvido 17 pessoas que confirmariam episódios suspeitos de assédio e racismo no ministério, entre os quais a acusação contra a secretária Maria Helena.
Ao jornal, a CGU afirmou que sua Corregedoria “analisou denúncias de supostos casos de assédio moral e omissão diante de situações de racismo”. Um expediente com acusações contra a ministra Cida Gonçalves foi despachado à Comissão de Ética Pública (CEP) da Presidência da República, que é o órgão com competência para atuar no caso, segundo a CGU.
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