O ministro Kássio Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou que o bicheiro Rogério Costa de Andrade e Silva deixasse de cumprir medidas cautelares, com a retirada de tornozeleira eletrônica. A ordem foi concedida nessa terça-feira (16), em processo que está em segredo de justiça.
No entanto, essa não é a primeira vez que Nunes Marques decide em favor de Rogério de Andrade. Desde 2021, já foram quatro no total. O bicheiro, que responde a processos por organização criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção ativa, agora irá responder em liberdade.
Rogério de Andrade usava a tornozeleira eletrônica desde dezembro de 2022, após o então ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Jorge Mussi, revogar sua prisão preventiva e impor o cumprimento de medida cautelar.
Histórico
Em setembro de 2021 foi datada a primeira decisão de Nunes Marques em favor de Rogério de Andrade, quando o ministro suspendeu um mandado de prisão contra o bicheiro, oriundo de investigação por suspeita dele ser o mandante da execução do também contraventor Fernando Iggnácio, que foi assassinado em uma emboscada em novembro de 2020.
Mesmo com a prisão do chefe de segurança de Andrade, Márcio Araújo de Souza, pelo mesmo crime, três meses depois o ministro decidiu pelo trancamento da ação penal contra o bicheiro. Essa já foi a segunda decisão que lhe favoreceu.
Crime organizado
Uma ação do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Rio (MPRJ), denominada Operação Calígula, foi deflagrada com o objetivo de investigar a atuação de organização criminosa que explorava jogos de azar, como jogo do bicho, máquinas de caça-níqueis, bingos e cassinos, e que também realizava o pagamento de propina para policiais.
A operação mirou Rogério de Andrade, o filho Gustavo, o chefe de segurança do bicheiro, dois delegados, Marcos Cipriano e Adriana Belém, e o ex-policial militar Ronnie Lessa, acusado de assassinar a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes.
O contraventor e o filho Gustavo fugiram, e no dia 1º de agosto de 2022, o ministro do STF revogou o mandado de prisão contra Rogério de Andrade por organização criminosa e corrupção ativa, enquanto Gustavo de Andrade e Márcio Araújo tiveram as prisões revogadas, em junho e outubro de 2023. Essa foi a terceira ocasião em que Nunes Marques decidiu em favor do bicheiro.
Durante essa mesma operação do Gaeco, os agentes apreenderam documentos que apontavam a atuação do contravento no pagamento de propina a delegacias especializadas do Rio. O fato aconteceu três dias depois de Andrade ter a prisão revogada, ou seja, no dia 4 de agosto, foi expedido um novo mandado de prisão pela 1ª Vara Especializada em Organização Criminosa do Tribunal de Justiça do Rio.
Advogado
Por sua vez, a defesa do bicheiro, representada pelo advogado André Callegari, afirmou que a recente decisão que pôs Rogério de Andrade em liberdade é baseada no fato de que as medidas cautelares estavam se estendendo há muito tempo, cerca de um ano e quatro meses.
Ainda conforme o advogado, o contraventor cumpriu todas as ordens judiciais. Além disso, as investigações contra ele já estão em fase final.
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