O laboratório Patologia Clínica Doutor Saleme (PCS Saleme) foi interditado após seis pacientes que fizeram transplante de órgãos serem infectados com HIV. O laboratório particular era responsável pela sorologia dos órgãos doados, no entanto, a falha em dois exames resultou na transmissão do vírus aos transplantados. A empresa, cujos sócios são tio e primo do deputado federal Doutor Luizinho (PP-RJ), ex-secretário de saúde do Estado, foi contratada pelo Governo do Rio de Janeiro em um processo sem licitação.
A Fundação Saúde, ligada à Secretaria de Saúde do Rio, foi a responsável pela contratação do laboratório. Na estatal trabalha Débora Lúcia Teixeira, irmã de Dr. Luizinho. O contrato de 180 dias assinado entre a empresa e o órgão custou R$ 3,9 milhões.
Dois sócios do PCS Lab Saleme são parentes do deputado federal, são eles: Walter Vieira e Matheus Sales Teixeira Bandoli Vieira. Walter Vieira é casado com a tia do deputado federal, e Matheus Teixeira é primo de do parlamentar. A contratação da empresa em que os dois são sócios aconteceu depois que Dr. Luizinho deixou o comandado da pasta.
Ele permaneceu à frente da Secretaria de Saúde durante os primeiros nove meses de 2023, de janeiro a setembro. Segundo o Portal da Transparência, entre 2022 e 2024, o laboratório de propriedade do seu tio e primo recebeu quase R$ 20 milhões em pagamentos. O equivalente a R$ 16,1 milhões do valor total foi pago somente neste ano.
Prestação de serviço sem contrato
Em 2022, quando começou a atuar na prestação de serviços com administração pública, o laboratório realizou análises laboratoriais em Unidades de Pronto-Atendimento. Sem contrato, a empresa recebia o pagamento por meio de termos de ajuste de contas (TAC). Essa modalidade tem caráter excepcional, e com uso restrito.
Após receber sem contrato, o PCS Saleme passou a receber como contratada, porém sem concorrência, principalmente pela dispensa de licitação.
Serviço para transplante custou R$ 11 milhões
A única vez em que participou de uma licitação, em dezembro 2023 o laboratório assinou um contrato de R$ 11 milhões. O processo de compra se arrastou por mais de três anos. Ou seja, Doutor Luizinho deixou a pasta apenas dois meses antes da contratação.
O resultado ainda foi contestado por um dos concorrentes, que alegou ausência de documentação que comprovasse a capacidade técnica do PCS Saleme. Quase um ano depois, foi descoberto o erro da empresa que causou a infecção em pacientes que passaram pelo transplante de órgãos.
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