O ministro da Justiça, Flávio Dino, deve passar a integrar a turma que mantém um cerco de reprovação ao ex-presidente Jair Bolsonaro, formada pelos ministros Alexandre de Moraes, Cármen Lúcia, Luiz Fux e Cristiano Zanin, da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF).
Nesse contexto, as ações contra o ex-presidente que chegarem às mãos da Primeira Turma serão vistas como uma forma de encurralar Bolsonaro no mundo político e jurídico. Questionado sobre o assunto, durante a sabatina nessa quarta-feira (13), o ministro da Justiça afirmou que se afastará da política na atuação como magistrado.
“É claro que o político tem que ter nitidez e exposição nas suas posições. É claro que sim, mas o juiz, não! É diferente! E, portanto, não se pode imaginar o que um juiz foi ou o que um juiz será a partir da leitura da sua atitude como político. Seria como examinar um goleiro à luz do comportamento como centroavante. É claro que são papeis diferentes”, afirmou Flávio Dino.
A resposta, no entanto, não convenceu alguns senadores como Magno Malta (PL-ES), Márcio Bittar (União-AC) e Marcos Rogério (PL-RO), que atestaram a impossibilidade de afastar um homem de suas convicções. A preocupação leva em conta recentes declarações do ministro da Justiça, que atestam uma criminalização da nova direita.
Em entrevista ao canal MyNews, Flávio Dino afirmou que o bolsonarismo é pior que crimes graves. “Fui juiz e julguei traficante de droga, julguei ladrão de banco. Fui deputado federal, governador chefiando as polícias, enfrentando situações difíceis no sistema penitenciário, no enfrentamento à criminalidade de modo geral, sou ministro da Justiça. Nada é mais perigoso, por conta da violência dessa gente [bolsonaristas], que você vê desde o olhar. Estou no avião comercial, no restaurante, no cinema, a violência começa no olhar e já sei para onde vai evoluir, agressão verbal, ameaça e não sei o quê... isso já aconteceu dezenas de vezes”, declarou.
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