O ex-deputado Roberto Jefferson (PTB) voltou a atacar a ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), na segunda-feira, 24, durante sua audiência de custódia. A prisão dele foi mantida.
A prisão foi motivada inicialmente por ofensas à ministra. Em um vídeo publicado nas redes sociais, Roberto Jefferson chamou Cármen Lúcia de “prostituta” e “arrombada”.
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A declaração gerou forte reação na comunidade jurídica e entre autoridades do meio político, que repudiaram os ataques. As manifestações de apoio à ministra partiram de procuradores da República, juízes federais, advogados, parlamentares e colegas no STF e no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Questionado sobre a declaração, Jefferson disse na audiência: “quero pedir desculpas às prostitutas pela má comparação, porque o papel dela foi muito pior, porque ela fez muito pior, com objetivos ideológicos, políticos. As outras fazem por necessidade”.
O ex-deputado também disse que o ministro Alexandre de Moraes, que determinou sua prisão, tem um “problema pessoal” com ele. Jefferson afirmou que a relação com o ministro “não é uma coisa de juiz jurisdicionado, virou de homem para homem”.
“Ele [Moraes] diz que eu faço parte de uma milícia digital, mas eu acho que ele faz parte de uma milícia judicial no STF, por isso nós temos problemas”, afirmou. “O ministro Alexandre montou uma delegacia de polícia e uma Gestapo no seu gabinete.”
Moraes é relator de investigações que atingem aliados e apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL), como o inquérito das milícias digitais, que mira grupos organizados na internet para espalhar notícias falsas e ataques antidemocráticos. Ele se tornou um dos alvos preferenciais da militância bolsonarista no STF.
Procurados, os gabinetes informaram que os ministros não vão comentar os ataques do ex-deputado. Quando Roberto Jefferson ofendeu Cármen Lúcia, na semana passada, Moraes usou as redes sociais para defender a colega. Ele chamou as ofensas de “agressões machistas e misóginas”.
A ministra Rosa Weber, presidente do STF, disse em nota no último sábado, 22, que os ataques a Cármen Lúcia atingem “todas as mulheres” e são “inadmissíveis em uma democracia”.
Roberto Jefferson resistiu quando a Polícia Federal (PF) chegou em sua casa, em Comendador Levy Gasparian, no Rio de Janeiro, para cumprir o mandado de prisão. Ele disparou contra os policiais e jogou três granadas. Dois agentes foram feridos por estilhaços, o que levou a PF pedir o indiciamento do ex-deputado por tentativa de homicídio.
No depoimento, Jefferson disse que deixou um pedido de desculpas por escrito à Polícia Federal. “Encontrei a moça que se machucou no cotovelo e na testa e ela estava zangada”, relatou na audiência.
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