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Festas e shows viram ‘plano B’ do Carnaval e dividem blocos

Com a proibição da folia de rua na capital paulista, algumas agremiações são a favor de eventos fechados.

Tradicionais no pré-carnaval, as festas, os shows e os festivais com blocos de rua se tornaram o plano B de parte das agremiações diante do cancelamento do carnaval de rua e do avanço da variante Ômicron. Em São Paulo, a manutenção desses eventos não é unânime no meio, que vive uma cisão: há os que avaliam que ambientes privados permitem maior controle sanitário e os que são contrários a qualquer evento do tipo neste verão.

O novo aumento nos casos da covid-19 frustrou os planos para a folia de 2022, para a qual havia expectativa diante da restrição no ano anterior a eventos digitais em meio à segunda onda. Desta vez, com a retomada do setor cultural e a vacinação, parte dos organizadores defende que os eventos privados são opção para não passar a celebração outra vez em branco.


Entre os blocos com programação para as próximas semanas estão alguns dos maiores da cidade, como Acadêmicos do Baixo Augusta, Agrada Gregos e Tarado Ni Você, dentre outros. Os eventos variam de pequeno a grande porte.

Um dos maiores blocos da cidade, o MinhoQueens participará, por exemplo, de dois festivais de agremiações e planeja festas. “A partir do momento que se faz uma festa fechada somente para pessoas vacinadas, tem-se um controle maior”, diz Fernando Magrin, sócio-fundador.

Ele apoia a decisão da gestão Ricardo Nunes (MDB) em cancelar os desfiles de rua. Ao mesmo tempo, lamenta que a situação só permita eventos fechados, que avalia tiram um pouco do “espírito da festa democrática que é o carnaval”.

De menor porte, com cerca de 1.500 foliões em 2020, o Soul Chico é outro que decidiu manter a programação de eventos. Uma festa em conjunto com o bloco Lets Block está prevista para a segunda quinzena de janeiro, com restrição de público à metade do permitido no local (cerca de 150 ingressos estão à venda). Outros dois eventos estão planejados para fevereiro, a depender do resultado do “piloto”.

Prevenção

Fundador do Soul Chico (mistura de soul music e Chico Buarque), Jean Franco Borges entende que a alta da transmissão se deve em grande parte à redução da adesão da população às medidas de prevenção, especialmente nas festas de fim de ano. Para ele, a flexibilização é possível se houver mais respeito aos protocolos, como o uso de máscara e menos aglomerações.

Borges rebate o argumento de que as festas seriam uma elitização do carnaval, frequentemente apontado em redes sociais, porque são realizadas há anos pelos blocos nesta época do ano. Ele ainda destaca a importância dos eventos de maior porte investirem no cumprimento de protocolos. “A questão não é o tamanho do evento, é o controle sobre isso”, o que avalia que seria impossível na rua, cujo público estimado pela Prefeitura era de 18 milhões em três semanas.

Outros blocos ainda não decidiram se realizarão algum evento presencial. Fundadora do Ritaleena, a cantora Alessa fala que os órgãos sanitários deveriam padronizar protocolos de segurança para este tipo de evento (cuja restrição hoje é basicamente de apresentação do passaporte da vacina). “Muitos eventos falam que vão seguir os protocolos todos, mas a gente tem visto muita contaminação do pessoal que tem ido para festa. Então, a gente ainda está estudando essa opção, ainda não temos nada definido.”

Grandes eventos

Ao menos quatro grandes festivais de carnaval estão programados para janeiro e fevereiro deste ano, com duração de dois a seis dias em locais como o Memorial da América Latina, o Estádio do Canindé e o Jockey Club. As atrações principais são artistas de popularidade nacional, como Anitta, Daniela Mercury, João Gomes e Alok.

O Estadão procurou organizadores dos eventos (como Arena Carnaval, Festival Agrada Gregos, Carnabloco e Carnaval na Cidade), mas não obteve retorno. Os perfis das celebrações nas redes sociais têm ressaltado a exigência de passaporte da vacina na entrada, o que é obrigatório em festas de qualquer porte na capital paulista.

Um manifesto assinado por três organizações de carnaval de rua de São Paulo, que reúnem mais de 200 blocos, foi publicado em defesa do cancelamento total de eventos do tipo, sejam públicos ou privados. As agremiações apontaram ter identificado casos de transmissão da doença até mesmo em ensaios restritos a algumas dezenas de pessoas.

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