O coordenador da Lava Jato em Curitiba, procurador Alessandro Oliveira, disse que não trabalha com outra hipótese se não a prorrogação da força-tarefa paranaense, que pode ser extinta no final de janeiro do ano que vem. Segundo ele, o fim do grupo levaria a um cenário ‘incerto’ e ‘caótico’ para as ações de combate à corrupção dentro da Procuradoria.
Oliveira foi o entrevistado deste domingo, 1º, do programa Poder em Foco, do SBT. A entrevista contou com participação da reportagem do Estadão.
Atualmente composta por 14 procuradores cedidos para trabalhar nos casos de corrupção relacionados à Lava Jato, a força-tarefa solicitou em setembro a prorrogação dos trabalhos por ao menos um ano. A Procuradoria-Geral da República (PGR), comandada por Augusto Aras, defensor de uma ‘correção de rumos’ da operação, autorizou somente quatro meses. O prazo se encerra no dia 31 de janeiro de 2021.
“Nós não trabalhamos com outra hipótese que não a prorrogação dos trabalhos porque existe muito a se fazer ainda”, afirmou Alessandro Oliveira. “Não é possível dar continuidade aos trabalhos que já existem, muito menos ao que ainda está por ser descoberto, está por ser aprofundado, com apenas um ofício ordinário de membro do Ministério Público”.
Segundo o coordenador da Lava Jato, em um cenário no qual a prorrogação não é autorizada, os casos de todas as mais de 70 fases da Lava Jato passariam a ser tocados por uma equipe composta apenas pelo próprio Alessandro Oliveira ‘e três servidores’. “Nós estaríamos diante de um cenário absolutamente caótico”.
No início deste mês, Oliveira e os demais coordenadores das forças-tarefa da Lava Jato se reuniram com Aras, que prometeu ‘apoio institucional à operação’. O encontro marcou uma ‘trégua’ entre a PGR e a operação após crise aberta com as críticas de Aras sobre a necessidade de superar o ‘lavajatismo’ e a defesa de uma ‘correção de rumos’ das equipes.
Uma das pautas da reunião tratou da possibilidade de criação de uma Unidade Nacional de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado (Unac), que seria subordinada a Aras. O modelo está em discussão no Conselho Superior do Ministério Público Federal e enfrenta resistência de investigadores, que veem risco de perda de autonomia com a unificação.
Outra proposta é a de ampliação do modelo dos Grupos de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaecos) como forma de absorver as forças-tarefas da Lava Jato.
Alessandro Oliveira defendeu que, independente do ‘nome que se queira dar’, o futuro modelo de investigações deverá manter a continuidade da atual estrutura da força-tarefa.
“Existe a necessidade de cooperação entre equipes, de União de esforços, seja o nome que se queira dar”, afirmou. “É preciso a união de esforços, no mínimo a continuidade da atual estrutura para que possamos dar vazão ao que já existe e ao que muito que se vislumbra ainda no horizonte”.
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