A Polícia Federal deflagrou na manhã desta quarta, 7, a Operação Sem Limites III, 76ª fase da Lava Jato, para investigar supostos crimes de corrupção passiva, organização criminosa e de lavagem de dinheiro relacionados à Gerência Executiva de Marketing e Comercialização da Petrobrás, subordinada à Diretoria de Abastecimento da estatal. Segundo o Ministério Público Federal, a ofensiva visa aprofundar as apurações relacionadas ao envolvimento de funcionários e ex-funcionários da Petrobrás em esquemas de corrupção na área comercial, especialmente no comércio de bunker, como é denominado o produto usado como combustível de navio.
Agentes cumprem quatro mandados de busca e apreensão em três endereços no Rio de Janeiro, sendo que entre os alvos estão funcionários da Petrobras que teriam repartido propinas com outros servidores públicos da Gerência Executiva de Marketing e Comercialização já denunciados e investigados na Lava Jato.
“Considerando-se que os elementos de provas sugerem que os investigados promoviam um verdadeiro rodízio no fechamento de operações com as empresas do setor e que estas também pagavam vantagens indevidas, as buscas objetivam chegar aos executivos dessas outras companhias, além de outros funcionários envolvidos”, ressaltou ainda a Procuradoria em nota.
Segundo a PF, a operação recebeu o nome de Sem Limites III em razão da vinculação direta com as fases 57 e 71 da Lava Jato, respectivamente a Sem Limites I e II – “as quais fazem alusão à transnacionalidade dos crimes praticados (que ocorreram a partir de operações comerciais envolvendo empresas estrangeiras e com pagamentos de propina no exterior) e a busca desenfreada e permanente por ganhos de todos os envolvidos, resultando sempre na depredação do patrimônio público”.
A primeira etapa da Sem Limites foi aberta no final de 2018, para investigar empresas do mercado internacional por suspeita de pagar milhões em propinas a funcionários da Petrobrás em troca de vantagens na aquisição de derivados do petróleo.
Os executivos que foram alvo da ofensiva acabaram fechando acordos de delação premiada e relataram que funcionários da Petrobras responsáveis pelas negociações de compra e venda de bunker e diesel marítimo recebiam propinas para favorecer as empresas nas negociações de fornecimento de combustíveis marítimos no varejo para abastecimento dos navios a serviço da Petrobras em portos estrangeiros, diz a PF.
A corporação aponta ainda que com parte das comissões geradas a partir da celebração das operações comerciais, os executivos realizavam os pagamentos dos funcionários públicos com auxílio de operador financeiro que já foi alvo da 20ª fase ostensiva da Operação Lava Jato (Operação Corrosão) e mediante a celebração de contratos fictícios para geração de recursos em espécies.
Os investigadores identificaram então que funcionários da Petrobras, alvos da ofensiva aberta nesta manhã, também repartiam os valores de propina com outros agentes públicos da Gerência Executiva de Marketing e Comercialização já denunciados e investigados no âmbito da Operação Lava Jato.
De acordo com a PF, a Sem Limites III tem como objetivo ‘fazer cessar a atividade delitiva, aprofundar o rastreamento dos recursos de origem criminosa (propina) e concluir a investigação policial em todas as suas circunstâncias’.
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