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ONGs rebatem Bolsonaro sobre queimadas na Amazônia

Organizações afirmam que governo federal deveria zelar pela floresta e que presidente tenta culpar terceiros pelos desastres ambientais que ele próprio promove no Brasil.

Acusadas pelo presidente Jair Bolsonaro de serem as “maiores suspeitas” pelo incêndio criminoso que se alastra pelo Amazônia nos últimos dias, as principais organizações ambientais internacionais e brasileiras reagiram às declarações do presidente.

“A declaração é, antes de tudo, covarde, feita por um presidente que não assume seus atos e tenta culpar terceiros pelos desastres ambientais que ele mesmo promove no País”, disse ao Estado o coordenador de políticas públicas do Greenpeace, Marcio Astrini. “A Amazônia está agonizando e Bolsonaro é responsável por cada centímetro de floresta que está sendo desmatada e incendiada.”


O WWF-Brasil afirmou que a prioridade do governo deveria zelar pelo patrimônio, e não criar “divergências estéreis e sem base na realidade” do que ocorre na região. “O WWF-Brasil lamenta a nova tentativa do presidente Jair Bolsonaro de desviar o legítimo debate da sociedade civil sobre a necessidade de proteger a Amazônia e, consequentemente, combater o desmatamento que está na origem dos incêndios fora de proporção que assolam o país e comprometem a qualidade do ar em várias regiões”, declarou.

Na manhã desta quinta-feira, 22, Bolsonaro voltou a levantar suspeitas sobre as organizações, dizendo que há “indício fortíssimo” de que as ONGs estão por trás das queimadas”. O governo não apresentou nenhuma prova do que Bolsonaro disse.

“São os índios, quer que eu culpe os índios? Vai escrever os índios amanhã? Quer que eu culpe os marcianos? É, no meu entender, um indício fortíssimo que esse pessoal da ONG perdeu a teta deles. É simples”, disse Bolsonaro.

O presidente do Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental (Proam), Carlos Bocuhy, também reagiu às acusações. “A afirmação do presidente Bolsonaro é irresponsável e não tem nenhum fundamento. As organizações não governamentais (ONGs) têm como obrigação estatutária a defesa do meio ambiente. É um compromisso legal e histórico das entidades.”

O WWF-Brasil afirma que as acusações não encontram sustentação diante dos dados. A ONG cita um levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que analisou o repasse de recursos federais para organizações da sociedade civil entre os anos de 2010 e 2018. O resultado mostra que apenas 2,7% dessas ONGs recebem recursos federais e que, desse total, apenas 5% foram destinados à região Norte do País. O estudo aponta ainda tendência de queda no número de repasses federais desde 2010.

O número de focos de queimadas cresceu 70% este ano, até o dia 18 de agosto, na comparação com o mesmo período do ano passado. Ao todo, o Brasil já registra mais de 66,9 mil pontos, segundo a medição do Programa Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

O bioma mais afetado é o da Amazônia, com 51,9% dos casos. Segundo o Instituto de Pesquisas da Amazônia (Ipam), os dez municípios da Amazônia com mais focos de fogo registrados são os mesmos com maior índice histórico de desmatamento.

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