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MPF denuncia Felipe Santa Cruz por chamar Moro de ‘chefe de quadrilha’

Ministério Público Federal afirma que presidente da Ordem dos Advogados do Brasil cometeu calúnia ao acusar ministro da Justiça e Segurança Pública durante entrevista e pede afastamento caute

O Ministério Público Federal apresentou denúncia contra o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, pelo crime de calúnia em fala contra o ministro Sérgio Moro (Justiça e Segurança Pública). A denúncia resulta de pedido do ex-juiz da Lava Jato, que solicitou apurações sobre o caso em agosto deste ano, e pede o afastamento cautelar de Santa Cruz.

O presidente da OAB atacou Moro em entrevista ao jornal ‘Folha de S. Paulo’, no qual disse que o ministro ‘usa o cargo, aniquila a independência da Polícia Federal e ainda banca o chefe de quadrilha ao dizer que sabe das conversas de autoridades que não são investigadas’. A fala é referente ao inquérito da Operação Spoofing, que apura o ataque de hackers contra celulares de figuras públicas.


Algumas das mensagens foram divulgadas pelo site ‘The Intercept Brasil’ e são atribuídas ao ex-juiz e procuradores da Lava Jato. Moro não reconhece o conteúdo das mensagens.

Após a repercussão da fala, Felipe Santa Cruz emitiu nota oficial afirmando que sua declaração se tratava de uma crítica ‘jurídica e institucional, por meio de uma analogia e não imputando qualquer crime ao ministro’. A Procuradoria, no entanto, afirmou que o presidente da OAB realmente tinha a intenção de acusar Moro de crime.

“O Presidente do Conselho Federal da OAB tinha por intenção acusar, de maneira clara e dolosa, o Ministro da Justiça Sérgio Moro indicando que ele era, realmente, o chefe de uma organização criminosa que buscava destruir, de maneira ilícita, o material apreendido pelo Departamento de Polícia Federal no âmbito da Operação Spoofing”, aponta o MPF.

“Ao afirmar que o Sr. Sérgio Moro age como chefe de quadrilha afirma, de forma clara e dolosa, que o Ministro da Justiça faz parte de um grupo de três ou mais pessoas organizadas, de forma estável e permanente, visando a prática de outras condutas delituosas, narrada pelo denunciado como a possibilidade da destruição de provas sem autorização judicial”, continua a Procuradoria.

De acordo com o Ministério Público Federal, Santa Cruz imputou a Moro o cometimento de ‘maneira dolosa e sem provas’ em uma ‘profunda confusão entre as esferas institucionais e pessoais no âmbito do Conselho Federal da OAB’.

Afastamento. A denúncia pede à Justiça que afaste cautelarmente (por liminar) Santa Cruz do Conselho Federal da OAB devido à ‘mistura indiscriminada da esfera pública com a esfera privada’ e pelo ‘descontrole e destemperamento’ demonstrados pelo atual presidente da entidade.

A Procuradoria cita outros casos envolvendo Santa Cruz, como quando declarou que ‘quem segue apoiando o governo é porque tem algum desvio de caráter’ e quando chamou uma advogada de um adjetivo de baixo calão no Twitter.

“Tal declaração demonstra o completo desprezo por uma opinião e por uma escolha contrária ao que o denunciado defende como correta. Demonstração clássica de tendências ditatoriais na qual Felipe demonstra ter conhecimentos supremos e acima da média da população na tentativa de determinar as crenças, opiniões e o exercício do voto alheio”, afirma o MPF.

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