O ex-deputado Pedro Corrêa, afirmou em delação premiada, que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tinha “pleno conhecimento da arrecadação de propinas no âmbito do Mensalão” e que participou da indicação do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa.
Segundo o ex-parlamentar, Lula “tinha convicção e certeza de que os partidos iriam usar essas pessoas para arrecadar junto aos empresário recursos para fazer campanha política”. Pedro Correa ainda relacionou os esquemas que envolviam o Mensalão à arrecadação de propinas em cargos de indicação partidária em estatais.
Corrêa afirmou que “Lula tinha pleno conhecimento de que o mensalão não era caixa dois de eleição, mas sim um esquema de arrecadação de propina para manutenção dos partidos na base aliada” e que Lula “tinha convicção de que a propina arrecadada junto aos órgãos governamentais era para que os políticos mantivessem as suas bases eleitorais mantidas com as propinas e continuassem a integrar a base aliada do governo, votando as matérias de interesse do executivo no Congresso Nacional, para evitar o que ocorreu com Fernando Collor”.
- Foto: Marcelo Cardoso/GP1Ex-presidente Lula participa de solenidade de entrega de título
Segundo Corrêa a “tese do caixa 2 foi discutida com Arnaldo Malheiros [então advogado de Delúbio Soares], Márcio Tomaz Bastos em virtude da pena baixa do delito e da possibilidade de prescrição”. “Então, para fechar a tese criada, foi comunicado a Lula de que o Arnaldo Malheiros e Marcio Thomaz Bastos, que o PT e Marcos Valério admitiriam que o Banco Rural e o BMG tinham empestado dinheiro a Marcos Valério, o qual teria repassado ao PT, através de Delúbio Soares, para pagar as contas do partido e resquícios das dívidas das campanhas eleitorais, sem contabilizar o dinheiro, formando um caixa dois”
De acordo com os anexos da delação do ex-parlamentar do PP, Lula e Dirceu comunicaram “réus do mensalão a tese de Márcio Tomaz Bastos e que todos poderiam ficar tranquilos”.
“As reuniões envolvendo o julgamento do mensalão eram periódicas entre os envolvidos, sendo que pelo menos 2 reuniões foram realizadas no Palácio do Planalto com a presença do Presidente Lula; as outras reuniões periódicas ocorriam nas casas de parlamentares envolvidos, com a presença de José Dirceu”.
O ex-parlamentar, cassado no Mensalão e condenado na Lava Jato a 29 anos e 5 meses, em segunda instância, já havia incriminado o ex-presidente em depoimento como testemunha no âmbito do processo envolvendo o triplex no Guarujá, no qual Lula foi condenado a 9 anos e 6 meses de prisão. Sua delação foi homologada pelo Supremo Tribunal Federal em agosto.
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