A Polícia Federal (PF) está realizando uma investigação sobre a cunhada do ex-presidente José Sarney , a desembargadora Nelma Celeste Sousa Silva Sarney Costa . Ela é suspeita de estar envolvida em um esquema de corrupção no Tribunal de Justiça do Maranhão (TJMA).

De acordo com o relatório final da Operação 18 Minutos, Nelma teria lavado dinheiro através de gastos excessivos com seu cartão de crédito. Em 2022, esses gastos totalizaram R$ 504 mil, com uma média mensal de R$ 42 mil.

Foto: Reprodução/Redes Sociais
Nelma Celeste Sousa Silva Sarney

O valor gasto pela desembargadora ultrapassa o teto salarial do funcionalismo público, fixado em R$ 44 mil brutos, ou cerca de R$ 32 mil líquidos. Segundo o Portal da Transparência, a remuneração líquida da investigada naquele ano foi de R$ 425 mil.

Esses valores gastos e os declarados levantaram suspeitas de lavagem de dinheiro e corrupção. A desembargadora está afastada do TJMA há um ano, antes mesmo da deflagração da Operação 18 Minutos.

Acusações anteriores

Nelma já foi acusada de beneficiar um ex-assessor em um concurso de cartórios realizado no Maranhão. “É possível inferir que a sua despesa com cartão de crédito pode ter sido paga com recursos de origem ilícita, o que configura modalidade de lavagem de dinheiro”, conforme trecho do relatório da PF.

Ainda de acordo com a investigação, Nelma estaria envolvida em uma organização criminosa responsável por fraudes em processos judiciais. A conduta resultou na retirada de quase R$ 18 milhões do Banco do Nordeste para pagamento de honorários advocatícios.

Fraudes

Em 2015, a investigada gastou cerca de R$ 360 mil no cartão, com padrões semelhantes nos anos subsequentes. A corporação identificou, também, mais de 110 depósitos sem origem identificável na conta da desembargadora, no valor de R$ 412,6 mil.

Durante seu mandato como corregedora-geral do TJMA em 2015, Nelma editou portarias para designar magistrados a casos de interesse da organização criminosa. Ela teria nomeado a juíza Alice Rocha, que estava sob investigação, para um processo que resultou na condenação do Banco do Nordeste ao pagamento de mais de R$ 14 milhões.