Uma troca de mensagens no ano de 2022 entre os juízes Airton Vieira, braço direito de Alexandre de Moraes no Supremo Tribunal Federal (STF), e Marco Antônio Vargas, do gabinete da presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mostra que os juízes do ministro estão insatisfeitos com a Interpol e governo dos Estados Unidos.
A conversa faz menção às ações dos órgãos internacionais no caso de Allan dos Santos, jornalista investigado por milícias digitais e fake news. Os dois trocam áudios em que reclamam sobre a falta de resposta da Interpol e dos EUA.
Isso porque Allan dos Santos teve a prisão preventiva decretada por Moraes em 2021, ocasião em que o ministro do STF pediu que o nome do jornalista fosse incluído na lista de difusão vermelha da Interpol, além de pedir a extradição de Allan dos Santos dos Estados Unidos. Atualmente, ele é alvo de novas ordens de prisão por crimes contra a honra, obstrução de Justiça e ameaça.
Depois que ele apareceu em um protesto contra ministros da Suprema Corte em Nova York, as reclamações do gabinete de Moraes aumentaram. “Peça para o Airton falar com a PF sobre o alerta vermelho”, diz Antônio Vargas.
Entretanto, a Interpol não incluiu o nome do jornalista na lista vermelha. Para o braço direito de Alexandre de Moraes, isso foi causado por motivação política. “Tudo o que podíamos fazer foi feito, seguimos todo o trâmite. Mas a Interpol em Lyon engavetou o pedido de alerta vermelho e os EUA não resolvem a questão da extradição”, reclama o juiz Airton Vieira em outro trecho da conversa.
“Vontade de mandar uns jagunços”
Em outra parte da conversa, Marco Antônio Vargas diz que a postura da Interpol sobre o caso é “sacanagem”, e que Allan dos Santos se sente livre para continuar suas ações. “Dá vontade de mandar uns jagunços pegar esse cara na marra e colocar num avião brasileiro”, afirmou.
Sem extradição
Conforme comunicado do governo dos Estados Unidos ao governo brasileiro, Allan dos Santos não será extraditado do país por crimes considerados pelos norte-americanos como crimes de opinião, amparados pela liberdade de expressão. Entretanto, avaliam a possibilidade de denunciá-lo por outro crime, como lavagem de dinheiro.