Deputados da oposição estão cobrando explicações do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, sobre reuniões entre sua pasta e a Âmbar Energia, empresa dos irmãos Wesley e Joesley Batista. Até a tarde desta terça-feira (9), pelo menos dois requerimentos já foram protocolados na Câmara exigindo esclarecimentos. Um dos requerimentos foi assinado pelos deputados do Novo, Marcel Van Hattem (RS) e Adriana Ventura (SP), enquanto o outro é de autoria do deputado federal Cabo Gilberto (PL-PB).
A movimentação dos parlamentares foi motivada por uma reportagem publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, que revelou que executivos da Âmbar Energia participaram de ao menos 17 reuniões no Ministério de Minas e Energia. Essas audiências ocorreram durante a preparação de uma medida provisória (MP) pelo governo Lula, que beneficiou diretamente termoelétricas recém-adquiridas pela Âmbar Energia.
Os deputados do Novo justificaram o requerimento afirmando que o objetivo é esclarecer detalhes sobre a elaboração e aprovação da MP, além de examinar a participação de agentes externos e internos no seu desenvolvimento. Os requerimentos agora aguardam despacho da Mesa Diretora da Câmara para serem enviados ao Ministério de Minas e Energia, que deverá respondê-los aos deputados.
Em 14 de junho, o governo Lula editou uma MP para socorrer a Amazonas Energia, cobrindo pagamentos devidos a diversas termoelétricas fornecedoras de energia. De acordo com a MP, os recursos para socorrer a estatal serão custeados pela conta de luz dos brasileiros pelos próximos 15 anos, permitindo à Amazonas Energia pagar suas dívidas.
Quatro dias antes da edição da MP, a Âmbar havia adquirido 13 termoelétricas, algumas das quais tinham débitos a receber da Amazonas Energia. A empresa dos irmãos Batista assumiu o risco pela inadimplência ao realizar a aquisição. Em resposta ao jornal O Estado de S. Paulo, a Âmbar classificou como "descabidas" as especulações sobre a MP 1.232 e o negócio realizado pela empresa, afirmando que nunca tratou do tema com o Ministério de Minas e Energia.