No desenrolar de um embate que se arrastou por anos, Caetano Veloso , renomado músico brasileiro, obteve uma vitória na Justiça contra o filósofo e escritor Olavo de Carvalho , falecido em 2022. Após ter sido acusado de pedofilia por Carvalho em uma publicação nas redes sociais datada de 2017, Veloso empreendeu uma ação judicial que culminou na decisão da 50ª Vara Cível do Rio de Janeiro de penhorar os valores provenientes das vendas dos livros do autor.
A sentença, proferida pelo juiz Guilherme Pedrosa Lopes, determinou que o espólio de Olavo de Carvalho deve arcar com as dívidas do escritor até que o inventário seja finalizado. A Editora Record, responsável pela publicação dos livros de Carvalho, confirmou que o montante penhorado é de pouco mais de R$ 8 mil, uma quantia significativamente inferior ao total da dívida reclamada por Veloso.
A polêmica entre os dois ícones culturais não se limitou às esferas judiciais. Em 2017, uma liminar foi concedida ordenando a remoção dos conteúdos difamatórios que Olavo de Carvalho havia publicado contra Caetano Veloso. O descumprimento dessa ordem resultaria em uma multa diária de R$ 10 mil, que, de acordo com relatos, não foi respeitada, levando a uma dívida acumulada que ultrapassa os R$ 3 milhões.
O embate entre Caetano Veloso e Olavo de Carvalho transcendeu o âmbito jurídico e se estendeu para o domínio público. Em 2019, Veloso escreveu um artigo na Folha de S.Paulo no qual lançou acusações contra Carvalho, desencadeando uma reação vigorosa por parte do filósofo, que moveu uma queixa-crime contra o músico, acusando-o de calúnia, difamação e injúria.
Francisco Carlos Cabrera, advogado de Olavo de Carvalho, referia-se ao músico como “canalha”, “delinquente travestido de colunista” e dizia que Veloso afirmava ter sido exilado durante a ditadura militar, “mas nunca mostrou um documento”.