A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) enfrenta uma crise financeira, acumulando prejuízo de R$ 1,81 bilhão entre janeiro e agosto de 2024, conforme aponta um documento interno da estatal, que indica que o saldo de caixa ao final do ano deve ser 83% menor do que o registrado no início de 2024. Para evitar a insolvência, a estatal anunciou medidas emergenciais, como a suspensão temporária de contratações e a renegociação de contratos, além da implementação de um teto de gastos de R$ 21,9 bilhões para este ano.

As ações anunciadas incluem a redução de pelo menos 10% nos valores dos contratos vigentes e prorrogações contratuais condicionadas à economia gerada. O documento também destaca a tentativa de recompor as reservas financeiras necessárias ao funcionamento da empresa. Apesar dos esforços, a gestão atual, sob o comando do advogado Fabiano Silva dos Santos, enfrenta críticas pela incapacidade de reverter o quadro negativo, que já acumula o maior prejuízo histórico para o período de janeiro a setembro desde a fundação da estatal.

Os Correios atribuem parte da crise ao impacto de medidas governamentais e à herança de gestões anteriores. Entre os fatores apontados estão a taxação de compras internacionais, que teria reduzido a receita em R$ 1 bilhão, e a defasagem no modelo de reajuste tarifário, com perdas acumuladas de R$ 2,5 bilhões em 2024. Adicionalmente, a migração de serviços de mensagens para o meio digital diminuiu a participação desse segmento na receita da empresa.

Outro ponto destacado pela estatal é o custo elevado da universalização do serviço postal, estimado em R$ 5,5 bilhões anuais, sendo parcialmente aliviado por uma imunidade tributária de R$ 1,8 bilhão. Ainda assim, a empresa enfrenta um déficit residual de R$ 3,7 bilhões por ano. Os investimentos, que caíram entre 2019 e 2021, foram retomados a partir de 2022, mas continuam insuficientes diante das necessidades estruturais da estatal.

Apesar da gravidade da situação, os Correios negam que haja planos para demissões além do Programa de Desligamento Voluntário (PDV) e afirmam que contratações previstas em concursos públicos serão mantidas. A estatal também defendeu o sigilo do documento, justificando que estratégias financeiras e de negócios devem ser resguardadas, assim como ocorre em outras empresas de grande porte.