Elmano Férrer mostrou postura na crise dos anestesistas do HUT

Não conheço a fundo as condições salariais e contratuais dos anestesistas que prestam serviço no Hospital de Urgência de Teresina (HUT), que pelo papel que exerce devia se chamar Hospital de Urgência do Piauí e Maranhão (HUPM), mas não dá pra deixar de elogiar a postura do prefeito Elmano Férrer (PTB). O alcaide sempre tão conciliador e aberto ao diálogo, não titubeou em partir para o enfrentamento quando os anestesistas do HUT ameaçaram paralisar suas atividades e deixar sem atendimento os pacientes daquela unidade de saúde.

Como bem disse o filósofo Isócrates ao rei Nicoclés “Expulse o terror do seio do seu povo e não permita que o inocente seja levado a temer, pois os sentimentos que você inspirar aos seus concidadãos, você também há de senti-los em relação a eles. Não faça nada com cólera, mas mostre-se irritado quando a ocasião o exigir”. Elmano soube perceber que naquele momento crasso não era conveniente mostrar flexibilidade, pois o bem mais precioso de qualquer cidadão, a sua própria vida, estava de certa forma sendo vilipendiado, não por um cidadão qualquer, mas pelos que por dever de ofício tem a incumbência de preservá-la.

Quero deixar claro, que como antecitei, pouco conheço da realidade dos anestesistas, mas não é razoável que profissionais tão preparados ajam como bárbaros. A importância do médico reside na sua capacidade de abster conhecimento para salvar vidas. No momento em que a vida é colocada de lado, mesmo que por motivos definidos como justos, seu papel é diminuído e sua importância decai.

Outro fato que destaco, é que, o presidente da Fundação Municipal de Saúde, médico Pedro Leopoldino, pelas entrevistas e declarações que vi, em momento algum deixou a urbanidade de lado, como fazem alguns gestores diante de adversidades ou críticas e sempre que se referiu aos seus colegas médicos o fez em alto nível, mostrando respeito pela sua própria categoria.

Mas há um erro que é congênito na administração pública de Teresina, do Piauí e do Brasil como um todo, a falta de diálogo interno nas instituições públicas. Diálogo esse que só acontece quando as demandas têm reflexo no atendimento a população. Seria salutar que em áreas essenciais como saúde, segurança e educação houvesse um diálogo permanente entre gestores e geridos para que a sociedade não seja pega de surpresa por ameaças de suspensão dos serviços nestas áreas.

Pra finalizar, é vital que os profissionais que atuam nos serviços essenciais sejam tratados como essenciais também. Não é justo que uma pessoa estude anos a fio, se forme, se dedique a uma residência médica das mais difíceis e ao final seja renumerado de forma indigna. Será que Crawford Long (pai da anestesia cirúrgica) teria nos privado de tantas dores se tivesse deixando suas pesquisas de lado para brigar por melhores salários? Será?!!!