A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) confirmou um novo surto do “superfungo” Candida auris no Brasil, em um hospital da rede pública de Recife (PE). A primeira infecção foi confirmada na terça-feira, 11, pelo Laboratório Central de Saúde Pública Prof. Gonçalo Moniz (Lacen/BA). Mais um caso suspeito é investigado. O fungo representa uma “séria ameaça à saúde pública”, de acordo com o órgão regulador.
Apesar de haver só um caso confirmado e outro em análise, a Anvisa destaca que pode-se considerar que há um surto. Isso porque essa definição epidemiológica “abrange não apenas uma grande quantidade de casos de doenças contagiosas ou de ordem sanitária, mas também o surgimento de um microrganismo novo na epidemiologia de um país ou até de um serviço de saúde”.
A agência também pontua que há “dificuldade de identificação oportuna pelos métodos laboratoriais rotineiros”, o que potencializa surtos.
A Anvisa destaca que o C. Auris é uma “série ameaça” à saúde pública brasileira, uma vez que apresenta multirresistência a medicamentos comumente utilizados para tratar infecções por Candida. “Estudos apontam que, até 90% dos isolados de Candida auris são resistentes ao fluconazol, anfotericina B ou equinocandinas”, destacou, em alerta. A resistência se estende também a desinfetantes, podendo permanecer viável por longos períodos no ambiente (semanas ou meses).
Além disso, pode ser fatal, principalmente a pacientes imunodeprimidos ou com comorbidades, quando causa infecção de corrente sanguínea ou outras infecções invasivas.
Outros dois surtos do fungo já deixaram o País em alerta, em 2020 e 2021. Ambos na Bahia. No primeiro surto, houve 15 casos confirmados e duas mortes.
Em 3 de janeiro deste ano, a Anvisa recebeu notificações referentes a dois casos possíveis de Candida auris em pacientes internados no hospital de Recife. Um homem de 67 anos, e uma mulher de 70 anos.
Ações de prevenção e controle
A Anvisa destacou que desde a identificação do caso suspeito, o hospital recifense estabeleceu as medidas de precaução e adotou ações para prevenção e controle do surto.
A Coordenação Estadual de Prevenção e Controle de Infecção de Pernambuco (CECIH-PE) presta orientações para implementação de um plano de ação para prevenir a disseminação de microrganismos, e monitora o surto, apoiando as ações de prevenção e controle.
Os Centros de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (CIEVS) nacional, estadual e municipal e o Programa de Treinamento em Epidemiologia Aplicada ao SUS (EPISUS) conduzem a investigação epidemiológica desse evento. Já os Lacens de Pernambuco e da Bahia apoiam as análises das amostras enviadas pelo laboratório do hospital.
Laboratórios
A agência recomendou que laboratórios de microbiologia intensifiquem a vigilância para identificação de Candida auris. Diante de qualquer caso suspeito ou confirmado, orienta informar imediatamente a Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) do serviço e proceder com o encaminhamento das amostras ao Lacen.
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