Um grupo de manifestantes se reuniu no final da manhã deste domingo (28) em frente à casa do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, para protestar contra o lockdown (fechamento). Na noite de sexta-feira, um decreto do governo suspendeu o funcionamento de estabelecimentos comerciais e atividades consideradas não essenciais a partir deste domingo. O objetivo é conter o avanço da covid-19.
Os manifestantes - alguns deles sem máscaras - carregavam faixas e bandeiras do Brasil perto da casa de Ibaneis, no Lago Sul, região nobre de Brasília. Uma das faixas dizia: "Não suportamos outro lockdown". Algumas pessoas vestiam verde e amarelo, cores que têm identificado manifestantes favoráveis ao governo de Jair Bolsonaro, mas muitas usavam camisas escuras. Houve gritos de ordem e pedidos como "queremos trabalhar" e "eu não vou fechar". Policiais militares se mantinham em frente da casa, fazendo a segurança.
O Distrito Federal é uma das unidades da Federação que, nos últimos dias, elevaram as medidas de restrição para o comércio. O movimento é uma reação ao aumento da ocupação de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) em várias regiões, em um momento em que a vacinação ainda não deslanchou. Dados do Ministério da Saúde mostram que no Distrito Federal 295.615 pessoas já se contaminaram com a covid-19, ou 9,8% da população. Deste total, 4.831 pessoas morreram (1,6% dos contaminados).
Na quinta-feira, o governador já havia decidido restringir o funcionamento dos estabelecimentos comerciais das 20 horas às 5 horas. Na sexta-feira, porém, com os leitos de UTIs específicos para pacientes de covid-19 com 98% de ocupação, Ibaneis decidiu intensificar as restrições.
Inicialmente só foram autorizados a manter o funcionamento no Distrito Federal supermercados, hortifrutigranjeiros, mercearias, padarias, postos de combustíveis, farmácias, hospitais, clínicas e consultórios médicos e odontológicos, laboratórios, clínicas veterinárias, comércio atacadista, lojas de conveniência e minimercados em postos de combustíveis exclusivamente para a venda de produtos; serviços de fornecimento de energia, água, esgoto, telefonia e coleta de lixo; lojas de material de construção; igrejas e templos religiosos. Ontem, no entanto, diante da pressão de vários setores, o governador flexibilizou um pouco as regras, estendendo a permissão de funcionamento para outros segmentos, como toda a cadeia do segmento de veículos automotores, agências bancárias, lotéricas, correspondentes bancários, bancas de jornal e revistas, escritórios de profissionais autônomos, lavanderias, cartórios, hotéis, óticas, papelarias, zoológico, parques ecológicos, recreativos, urbanos, vivenciais. Todo o resto será fechado, incluindo as escolas da rede privada, que já haviam retomado as aulas presenciais. O lockdown a princípio será até o dia 15 de março.
Empresários do comércio vinham desde sábado se mobilizando para este protesto contra Ibaneis. A reclamação é de que, com as lojas fechadas, uma nova onda de falências e demissões pode atingir o Distrito Federal. Presente à manifestação, a deputada federal Bia Kicis (PSL-DF), apoiadora de Bolsonaro, discursou contra o lockdown na capital federal.
"Nós somos pela liberdade, pela liberdade de pensamento, pela liberdade de expressão, pela liberdade de trabalhar, de cuidar dos nossos filhos", afirmou a parlamentar. "Nós temos que defender o homeschooling (ensino em casa), a volta das crianças para a escola, temos que defender o emprego", acrescentou. Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério da Economia, mostram que no ano passado 11.353 postos de trabalho com carteira assinada foram fechados no Distrito Federal. Entre os entes Federativos do Centro-Oeste, o Distrito Federal foi o único a apresentar fechamento líquido de vagas de emprego. Em todo o País, apenas o Rio de Janeiro apresentou números piores, com o encerramento de 127.155 postos.
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