Em meio à escalada de novos casos de coronavírus no País, o Ministério da Saúde só habilitou 10% dos novos leitos de UTI prometidos para um eventual cenário de crise.
No fim de janeiro, quando o surto era grave só na China, o governo brasileiro prometeu contratar mil novos leitos de UTI. Na ocasião, disse que a habilitação ocorreria conforme o aumento de casos e a distribuição geográfica seria definida de acordo com as localidades com o maior número de confirmações. Na época, nenhum caso havia sido confirmado no País.
Após mais de 40 dias e com 69 casos confirmados, o ministério disse ter habilitado até agora só cem leitos e afirmou estar em “processo de contratação de mil leitos de terapia intensiva de forma emergencial para o planejamento e preparação para emergência de saúde pública”.
Não informou se esses leitos são novos ou contratados da rede privada nem o valor gasto com a contratação. A pasta também não detalhou a localização dos novos leitos nem a previsão para habilitar os 900 restantes. Disse só que “leitos de terapia intensiva podem ser instalados rapidamente, bastando ajustes como a adequação elétrica e tubulação de gases, sem necessidade de maiores reformas estruturantes”.
A estrutura de UTI no SUS já está sobrecarregada. Segundo Ederlon Rezende, membro do conselho consultivo da Associação de Medicina Intensiva Brasileira, os leitos da rede pública têm 95% de taxa de ocupação. “Não temos fôlego extra. Qualquer situação de emergência, o sistema arrebenta.”
Situação em São Paulo
O governo paulista deve anunciar nesta quinta-feira, 12, que os hospitais públicos deverão ter leitos específicos para pacientes com coronavírus. O governo, apurou o Estado, não prevê decreto proibindo aglomerações públicas.
Brasil deve viver 'semanas duras', diz ministro
Nesta quarta-feira, 11, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, disse que o Brasil deve viver semanas "duras" após o começo da transmissão comunitária do novo coronavírus. "Vamos passar por isso. Vai ser duro. Vão ser mais ou menos umas 20 semanas duras", afirmou Mandetta ao Estadão/Broadcast.
Segundo o ministro, é difícil apontar o momento em que o limite de atendimento do Sistema Único de Saúde (SUS) será superado pelo avanço da doença, pois o País é "assimétrico". "O Rio de Janeiro aguenta muito pouco. São Paulo aguenta um pouco mais. O Paraná é nosso melhor sistema, a melhor rede de distribuição. O Acre não tem nenhum caso. O Brasil é um continente", disse ele, ao lembrar que, nessa fase da doença, já não é possível identificar quem transmitiu o vírus para quem.
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